Impulsionada pela demanda dos consumidores por produtos frescos e seguros, juntamente com a necessidade das empresas de reduzir desperdícios e aumentar a eficiência operacional, o setor de alimentos e bebidas tem vivenciado avanços significativos na aplicação de tecnologias emergentes com o objetivo de estender e aprimorar o shelf life dos seus produtos.
Uma das tecnologias nesse contexto é a aplicação de atmosferas modificadas e controladas (AMC), que consiste na manipulação dos gases presentes no ambiente do produto embalado, incluindo a redução dos níveis de oxigênio e o aumento do dióxido de carbono, o que retarda o crescimento de microrganismos responsáveis pela deterioração dos alimentos. Além disso, a utilização de filmes e revestimentos com propriedades de barreira a gases e umidade tem se mostrado eficaz na preservação da qualidade dos produtos ao longo do tempo.
Outra tecnologia emergente é a aplicação de tratamentos de alta pressão (HPP), que envolvem a submissão dos alimentos a pressões extremas, sem a necessidade de altas temperaturas. Esse processo elimina microrganismos patogênicos e deteriorantes, mantendo, ao mesmo tempo, as características sensoriais e nutricionais dos alimentos. A irradiação ionizante também é eficaz para a desinfecção de alimentos, eliminando microrganismos e prolongando sua vida útil sem comprometer sua segurança ou qualidade.
A utilização de tecnologias de sensoriamento remoto e IoT (Internet das Coisas) tem revolucionado o monitoramento e controle da cadeia de suprimentos, permitindo uma gestão mais eficiente das condições de armazenamento e transporte. Sensores inteligentes integrados às embalagens podem fornecer informações em tempo real sobre temperatura, umidade e outros fatores ambientais, garantindo a integridade dos produtos desde a produção até o consumo final.
Já no âmbito dos ingredientes, novas substâncias e formulações estão sendo explorando e aplicadas para melhorar o shelf life de alimentos e bebidas. O uso de ingredientes naturais com propriedades antimicrobianas e antioxidantes, capazes de retardar a deterioração dos produtos de forma segura e eficaz é uma das alternativas utilizadas há anos.
Extratos de plantas com atividade antimicrobiana, como óleos essenciais, compostos fenólicos e flavonoides, por exemplo, têm sido utilizados por sua capacidade de inibir o crescimento de microrganismos e prolongar a vida útil dos alimentos. Além disso, antioxidantes naturais, como vitamina E, ácido ascórbico e extratos de frutas, são frequentemente adicionados para proteger os alimentos contra a oxidação lipídica e o desenvolvimento de sabores indesejáveis.
Outra abordagem interessante é a utilização de ingredientes encapsulados, que consiste em envolver substâncias ativas em matrizes protetoras para liberá-las de forma controlada ao longo do tempo, proporcionando uma proteção mais eficaz e duradoura aos produtos.
Além disso, a fermentação natural tem sido explorada sob vários aspectos como uma estratégia para melhorar o shelf life de alimentos, através da ação de microrganismos benéficos que produzem ácidos orgânicos e outros compostos que inibem o crescimento de microrganismos indesejáveis. Produtos fermentados, como iogurtes, queijos e picles, têm uma vida útil prolongada devido a esse processo natural de preservação.