A crescente busca por rótulos limpos e por uma lista de ingredientes conhecidos e reconhecidos pelos consumidores, tem aumentado a demanda pelo uso de ingredientes botânicos, o que, consequentemente, colocou em foco os extratos naturais e vegetais.
No portfólio de ingredientes para o mercado clean label, soluções como extratos naturais, incluindo extratos de alecrim, chá verde, acerola, menta, entre outros similares, possibilitam produzir alimentos alinhados à saudabilidade e mais simples para o consumidor final, que fica satisfeito ao entender melhor os rótulos e a composição dos produtos que consome.
As plantas e extratos vegetais estão cada vez mais sendo integrados nas formulações alimentícias, podendo ser encontrados nos mais variados tipos de produtos colocados à disposição do mercado. Bebidas carbonatadas formuladas com especiarias e suco de frutas, águas minerais vitaminadas, produtos lácteos, composto de cloreto de sódio e extratos naturais realçadores de sabor que aumentam a percepção do sabor salgado e mascaram sabores metálicos e amargos; adoçantes obtidos pela combinação de extratos de estévia Rebaudiosídeo para uso em sucos de frutas e outras bebidas com aromas; extratos de leveduras utilizados como realçadores de sabor; extratos de ervas utilizados como conservantes; formulações à base de extratos vegetais com função antioxidante, que retardam a oxidação lipídica e preservam os atributos sensoriais do produto final por mais tempo; extratos de cranberry com conteúdo padronizado de proantocianidinas utilizados como ingredientes funcionais; extratos naturais de maçã e uva com propriedades funcionais (polifenóis) para melhora do desempenho de atletas; extratos de plantas com propriedades antioxidantes; além de extratos naturais utilizados em bebidas e suplementos alimentares para a saúde, são algumas das alternativas disponibilizadas para fabricantes e consumidores.
O uso de matérias-primas de origem vegetal para a obtenção de extratos é uma atividade de grande interesse para a indústria de alimentos. Oferecer extratos purificados é um meio de agregar mais valor a determinados produtos.
De um modo geral, utiliza-se na indústria alimentícia extratos nos quais todas as moléculas são extraídas na sua totalidade, sem que nenhuma seja especificamente isolada.
Atualmente, os extratos naturais são usados como antioxidantes pela indústria alimentícia. Devido à crescente demanda do uso de ingredientes naturais, os extratos estão cada vez mais em foco, como uma excelente alternativa para substituir os antioxidantes sintéticos, pois possuem a capacidade de melhorar a estabilidade oxidativa dos produtos alimentícios e, em muitos casos, aumentar a vida útil dos mesmos. Os antioxidantes protegem a qualidade do alimento, através da prevenção da deterioração de lipídios. Um antioxidante de uso alimentar deve ser seguro, neutro em coloração, odor e sabor. Deve ainda ser efetivo em baixa concentração, fácil de se incorporar, capaz de resistir a processamentos e estável no produto acabado.
Os antioxidantes podem ser definidos como substâncias que em pequenas concentrações, em comparação ao substrato oxidável, retardam ou previnem significativamente o início ou a propagação da cadeia de reações de oxidação. Estes compostos inibem não só a peroxidação dos
lipídios, mas também, a oxidação de outras moléculas, como proteínas, DNA, entre outras.
Compostos químicos que possuem atividade antioxidante geralmente são aromáticos e contém, no mínimo, uma hidroxila, podendo ser sintéticos, como o butil hidroxianisol (BHA) e o butil hidroxitolueno (BHT), largamente utilizados pela indústria de alimentos.
Os naturais, denominados substâncias bioativas, incluem os organosulfurados, os fenólicos (tocoferóis, flavonóides e ácidos fenólicos), os terpenos, carotenóides e o ácido ascórbico, que fazem parte da constituição de diversos alimentos.
As frutas, hortaliças, grãos e especiarias, além de plantas medicinais, são as principais fontes de compostos antioxidantes mostradas pela literatura. As pesquisas buscam substâncias com atividade antioxidante, provenientes de fontes naturais, que possam atuar sozinhas ou sinergicamente com outros aditivos; que funcionem como alternativa para prevenir a deterioração
oxidativa de alimentos e limitem o uso dos antioxidantes sintéticos e agentes conservadores.
Além disso, esses compostos podem atuar como antifúngicos e inibidores da produção de micotoxinas, tais como a aflatoxina, por atuarem na regulação da peroxidação lipídica, inibindo a formação de peróxidos e consequente estresse oxidativo que está relacionado à biossíntese de aflatoxinas.
Os extratos vegetais comercializados para fins alimentícios têm por objetivo atender as tendências nutricionais dos consumidores modernos. Normalmente, os mais procurados são os mesmos já presentes em legumes, frutas e vegetais conhecidos dos consumidores.
As plantas acumulam em seus tecidos numerosos metabólitos secundários que não são necessários
para a sua fisiologia, mas que contribuem para protegê-las contra agentes patógenos, predadores
e outros fatores de estresse.
Milhares de moléculas foram identificadas nas cerca de 350 espécies vegetais consumidas pelo ser humano. Esses metabólitos, que teriam efeito protetor sobre a saúde, são qualificados de fitonutrientes.
Os fitonutrientes presentes em alimentos de origem vegetal têm um papel essencial na manutenção de uma boa saúde. Seu consumo pode prevenir diversas patologias degenerativas (cânceres, doenças cardiovasculares).
Hoje, os que mais suscitam interesse são os polifenóis, os carotenóides, os fitoesteróis e os glucosinolatos.
Uma das propriedades que tem recebido maior atenção no decorrer dos últimos anos concerne ao papel de alguns desses compostos contra o estresse oxidativo, seja apanhando os radicais livres (polifenóis, carotenóides), seja estimulando as defesas do hóspede contra esse estresse (polifenóis, glucosinolatos).
Por seu alto conteúdo em antioxidantes, vitaminas, minerais e outras propriedades funcionais, os extratos naturais e vegetais têm sido cada vez mais explorados nas mais diferentes categorias de alimentos e bebidas. Seja para dar disposição e energia, acalmar e relaxar, proporcionar momentos de prazer e indulgência ou melhorar o humor, os ingredientes extraídos da natureza estão cada vez mais presentes nas diferentes categorias de produtos.
Uma das categorias mais influentes para extratos botânicos são as bebidas não alcoólicas. Produtos como água saborizada ou água com infusão estão se concentrando em grupos de consumidores que mudam de bebidas com alto teor de açúcar para opções mais naturais e menos doces, usando uma variedade de botânicos em suas formulações e criando ainda mais oportunidades para uma variedades de ervas que incluem um sabor mais amargo ou combinações com hortelã, folhas de chá, especiarias suaves ou notas florais.
As bebidas são um ótimo exemplo de como a incorporação de ingredientes botânicos pode ter um grande impacto. E as opções para incorporar botânicos nessa categoria são quase infinitas; alguns exemplos são limonada de cúrcuma fresca, suco de cenoura com gengibre, chá gelado de hibisco, Margarita de capim-limão picante, kombucha de lavanda e café com leite de rosa, para citar apenas alguns.
Os extratos naturais não oferecem apenas novas combinações de sabores, mas também uma infinidade de benefícios funcionais à saúde. Guaraná, chá e erva-mate, por exemplo, são excelentes fontes de cafeína que podem fornecer um impulso de energia; lavanda e camomila são conhecidas por acalmar e relaxar; hibisco, chá verde e sabugueiro são algumas ervas que contêm vitamina C e antioxidantes.
Entre os ingredientes botânicos, o hibisco tem popularidade crescente em formulações de bebidas, devido a seu sabor azedo fresco e sutil e sua tonalidade vermelha vibrante. Além disso, é um ingrediente versátil que oferece ótimo sabor - frutado e floral - e ótima cor aos produtos, sendo usado em uma variedade de bebidas, incluindo chás quentes, chás gelados, águas gaseificadas e coquetéis.
A demanda por bebidas “melhores para você” levou a um aumento repentino de ingredientes funcionais, como os botânicos e à medida que mais pessoas descobrem os benefícios dos botânicos, como reforços de energia e imunidade, pele saudável e melhorias na memória e no foco, a demanda por bebidas com esses ingredientes continuará a crescer.
Outro potencial extremamente interessante é o sabor único que os extratos botânicos conferem aos produtos, proporcionando novas experiências de consumo.
Além disso, os botânicos estão entre as opções crescentes de alternativas naturais para coloração de produtos, destacando-se a spirulina e o açafrão, que promovem apelo visual com cores vibrantes de verde, amarelo e azul.
A indústria também está atenta às propriedades antioxidantes dos extratos de acerola e de alecrim, para aplicação como conservantes naturais, principalmente no setor de panificação e cárneos.
Extraídos da natureza, os ingredientes botânicos não oferecem apenas novas combinações de sabores e uma infinidade de benefícios funcionais à saúde, mas também atendem à demanda dos consumidores por conceitos clean label (rótulo limpo), mood food e naturalidade.
Produtos com sabores naturais e ingredientes simples e reais tem chamado a atenção dos consumidores, como sucos naturais, águas com infusão, smoothies, limonadas e refrigerantes artesanais. Os ingredientes naturais e vegetais complementam facilmente essas bebidas, atendendo à demanda do consumidor.