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Inovação na produção de peixes e pescados

Foi-se o tempo em que o consumidor brasileiro comprava peixe apenas na semana da Páscoa. Hoje em dia, a produção de peixes e pescados vai muito além de atender a demanda da “semana santa”. Esse tipo de alimento é cada vez mais comum no cardápio das famílias, sendo facilmente encontrado em supermercados. Exatamente por isso, na piscicultura atual, há muita inovação para peixes e pescados, com esse sistema de produção sendo baseado em cada vez mais tecnologia e manejos específicos que elevam a produtividade do setor.

Segundo dados da FAO de 2020, a produção de peixes e pescados proveniente da aquicultura deve ultrapassar a pesqueira em cerca de 26 milhões de toneladas até 2030.

Segundo Licia Lundstedt, pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, esse volume de produção corresponde a um crescimento em torno de 32%. Mas o mais interessante é que as regiões que precisam ter um maior crescimento estão acontecendo na África e na América Latina.

Esse aumento deve trazer um reboque de melhorias nas indústrias que processam este tipo de pescado, com reflexos positivos desde a sua captura até a sua distribuição”, diz a pesquisadora.

Diante desse cenário, a pesquisadora indica que as principais inovações no setor da pesca estão relacionadas à utilização de barcos mais modernos, que possuem um sistema eficiente de pesca que promova uma redução no impacto ambiental.

Além disso, para a pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, o uso de tecnologia de mapeamento, dispositivos de agregação de peixes, armadilhas biodegradáveis e desmontáveis que podem promover uma redução de captura acidental, como por exemplo, dispositivos de exclusão de tartarugas e fauna acompanhante, são inovações que veremos no ambiente da aquicultura.

O bem-estar animal também será necessário e motivo de preocupação. “Teremos também sistemas que desempenham que o pescado seja mantido vivo e sem sofrimento até o desembarque”, complementa Licia.

No caso da aquicultura, as principais inovações estão no aprimoramento dos sistemas de produção, maior atenção à genética e rações de alta performance, isto é, rações que melhor atendam às exigências nutricionais das espécies alvo, de forma a aumentar o desempenho zootécnico, sem impacto ambiental. “Além de contribuírem para tornar a produção mais sustentável economicamente, essas inovações contribuem para a sustentabilidade ambiental e social”, disse a pesquisadora.

Como incentivo na utilização de tecnologias mais sustentáveis, foram criados certificados e selos que permitem identificar as indústrias pesqueiras que seguem práticas recomendadas internacionalmente. “Com isso, é possível rastrear a forma como o pescado foi capturado e esse tipo de certificação traz agregação de valor ao pescado capturado de forma sustentável”, indica Angela Furtado, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

Segundo a pesquisadora, a pesca sustentável protege a fauna marinha e diminui a captura indiscriminada de espécies não alvo, sem valor comercial.

Além disso, a origem mais sustentável do pescado, seja da pesca ou da aquicultura, faz com que a indústria de processamento tenha uma matéria-prima de maior qualidade e, consequentemente, pode oferecer ao consumidor produtos com maior frescor, qualidade nutricional e microbiológica.

Exatamente por isso, as pesquisadoras da Embrapa concordam que é necessário que se tenham políticas públicas que incentivem as indústrias pesqueiras e os produtores a adotarem técnicas que promovam a sustentabilidade do sistema de produção de peixes e pescados. “Essas políticas públicas devem incentivar a adoção de tecnologias que produzam pescados de maior qualidade, com responsabilidade ambiental e com preço competitivo, principalmente para as exportações”.

Assim como todo o sistema de produção ligado ao agronegócio nacional, caso da pecuária e agricultura, a tendência é que as inovações na produção de peixes e pescados se mantenham em evolução, mas segundo as pesquisadoras da Embrapa, alguns fatores vão guiar essa inovação.

Em um primeiro momento, a expectativa é que o setor tenha melhor logística de distribuição. “Cabe aos produtores levar sempre em consideração que a cadeia do frio nunca pode ser quebrada”, dizem as pesquisadoras. Por isso, a tecnologia deve ser amplamente testada e ser a mais segura possível.

Também será fundamental apresentar ao consumidor um pescado de excelente padrão de qualidade, a preços acessíveis ao consumidor, considerando que os benefícios que o pescado proporciona à saúde já são amplamente conhecidos.

Além disso, uma oferta de produtos processados e prontos para o consumo representará uma forte tendência. “Este é um dos grandes anseios do consumidor”, finalizam as pesquisadoras.

Fonte: Food Connection




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