Embora os setores de carne e lácteos à base de vegetais já tenham se estabelecido como fortes concorrentes na indústria de alimentos, as alternativas de frutos do mar ainda estão no início. Obstáculos ainda precisam ser superados, incluindo sabor, textura e a capacidade do produto de alcançar os mesmos benefícios para a saúde que os seus equivalentes.

De acordo com uma pesquisa recente da Plant-Based Foods Association, 79% dos Millennials já consomem carnes vegetais e a mesma popularidade é prevista para produtos de frutos do mar veganizados. Mas para tanto, algumas áreas significativas do mercado de frutos do mar à base de plantas devem ser exploradas.

O sabores de frutos do mar é notoriamente difícil de replicar e com uma variedade tão grande de ofertas no mercado (do sabor sutil de camarão e vieiras, às sardinhas e anchovas muito pesadas), produzir alternativas viáveis é muito menos simples para esse setor do que os seus equivalentes.

A inovação de ingredientes é fundamental aqui. Fontes vegetais, como algas, são uma escolha popular, enquanto os ingredientes mais comuns incluem soja, algas marinhas, fermento e vegetais, bem como óleos vegetais e amidos.

O desafio técnico de reproduzir frutos do mar escamosos e frágeis também é um desafio significativo para o setor. Muitas empresas do setor vegetal concentram os seus esforços no desenvolvimento de uma única réplica de frutos do mar, ao invés de produzir vários produtos variados simultaneamente.

O mercado de frutos do mar à base de vegetais testemunhou uma série de investimentos em larga escala em startups ao longo do ano passado, enfatizando o aumento da demanda por alternativas de peixe. A startup de aquicultura celular BlueNalu recebeu US$ 20 milhões em uma rodada de financiamento da Série A no início deste ano. A empresa desenvolveu um método de produção de frutos do mar diretamente de células de peixes com o objetivo de criar alternativas de frutos do mar mais sustentáveis.

Em setembro de 2019, a Tyson Foods investiu na New Wave Foods, uma produtora de alternativas de frutos do mar à base de vegetais. A New Wave Foods está lançando o seu primeiro produto, camarão vegetal, no mercado nacional dos Estados Unidos em janeiro. Mesmo as celebridades estão apoiando o crescimento da categoria alternativa de frutos do mar, com o atum vegano da Good Catch ganhando recentemente o apoio de um grupo de investidores, incluindo a Woody Harrelson e Paris Hilton.

De acordo com uma pesquisa do The Good Food Institute (GFI), os Estados Unidos abrigam a maior proporção de empresas veganas que oferecem alternativas de frutos do mar. O GFI observou que frutos do mar de origem vegetal representaram apenas 1% (US$ 9,5 milhões) do valor total das vendas de carne de base vegetal nos Estados Unidos em 2019. Não apenas os sabores e texturas mais variados encontrados nos frutos do mar tornam a produção de alternativas mais complexo, mas o mercado para essas alternativas permanece pequeno. Com significativamente menor capacidade de gastar em pesquisa do que os setores de carne, o crescimento dessa categoria tem sido mais lento do que outros setores baseados em vegetais.

Apesar desses desafios, é evidente que os frutos do mar à base de vegetais oferecem uma oportunidade significativa para empresas e investidores. Uma abundância de alergias a moluscos em todo o mundo, combinada com uma oferta cada vez menor de peixes nos oceanos, significa que podemos esperar um crescimento exponencial dessa categoria nos próximos anos.

Com relação a saúde global, a Covid-19 teve um grande impacto nos suprimentos de carne e peixe em todo o mundo, pois o medo de infecção em barcos de pesca lotados ou em fábricas de produção de carne causou preocupação. Os consumidores também se concentraram muito mais em sua própria saúde e bem-estar como resultado da pandemia. De acordo com uma pesquisa recente da Mintel, um quarto da geração Millennials no Reino Unido afirma que a pandemia tornou a dieta baseada em vegetais mais atraente.

Além disso, as empresas de alimentos e bebidas têm enfrentado o apelo de consumidores, governos e organizações ambientalmente conscientes para fornecer produtos mais sustentáveis. Como resultado, as dietas à base de plantas tornaram-se mais importantes do que nunca.

“As pessoas querem que o mundo mude para melhor agora e estão procurando maneiras de mostrar compaixão. Para os consumidores que lutam para saber como fazer uma diferença positiva, cortar a proteína animal pode ser visto como uma forma de enfrentar a crise climática, mostrar compaixão pela natureza e aumentar a sua ingestão de nutrientes ”, disse Alex Beckett, diretor associado da Mintel Food & Drink.

O sabor e a textura serão cruciais para o sucesso do mercado de frutos do mar à base de plantas. Produtos que têm bom desempenho também oferecem benefícios claros à saúde que refletem os frutos do mar. Embora as alternativas de frutos do mar demorem para decolar, o crescimento do setor continua promissor.