Page 33 - Aditivos & Ingredientes Ed. 112
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LICOPENOO percentual de isômeros cis e trans pode variar em produtos naturais, dependendo do grau de amadurecimen- to e intensidade de cor. Baseado em HPLC (Standard High-Performance Liquid Cromatography) pode-se dizer que o conteúdo em isômero trans en- contrado é consideravelmente maior do que a forma cis. É fato comum observar que aproximadamente 95% do licopeno encontrado em alimentos não proces- sados seja na forma trans. Porém, em algumas frutas ocorrem níveis maiores da forma cis. Um estudo utilizando cromatografia líquida de alta resolução, mostrou que a gama de licopeno na forma trans em alimentos processados à base de tomate é altamente variável. Os pesquisadores observaram que os métodos HPLC normais não separavam os isômeros 5-cis dos trans, o que leva a superestimar o nível dos trans. Segundo o estudo, o isômero trans em alimentos varia entre 35% e 96% do licopeno total. O isômero 5-cis, o mais predominante dos isômeros cis e a forma cis mais do- minante no plasma humano, varia entre 4% e 27%. Como previsto, foi observado que o calor aumenta o percentual de isômeros cis presentes no alimento.Os níveis de carotenóides no plasma e nos tecidos humanos dependem da dieta diária. Os níveis plasmáticos de licopeno são influenciados por fatores, tais como idade, sexo, funcionamentohormonal, massa/composição corpórea, níveis lipídicos do sangue, consumo de álcool e fumo, e pela presença de outros carotenóides. Foi também observado que os níveis de licopeno nos tecidos caem significativamente em pessoas que seguem uma dieta sem tomates ou derivados durante 15 dias.A absorção de licopeno em humanos está na faixa de 10% a 30%, sendo o resto excretado.O processo de absorção ocorre de forma passiva, ou seja, sem gasto de energia, mas pouco se sabe sobre o apro- veitamento do licopeno no interior da mucosa. Estudos sugerem que o licope- no seja transportado entre as células por proteínas específicas ou migre agregado a gotas lipídicas. No enterócito, o licope- no não é transformado em vitamina A, como ocorre com outros carotenóides, mas metabólitos oxidativos do licopeno têm sido encontrados no soro humano, embora pouco se saiba sobre os locais e mecanismos envolvidos em sua for- mação. O licopeno sai do enterócito carreado por quilomícrons que, pela ação da enzima lipase lipoprotéica, vão sendo retirados e absorvidos de forma passiva por vários tecidos, incluindo os adrenais, renais, adiposos, esplênicos, dos pulmões e dos órgãos reprodutivos. Esses carotenóides podem se acumular no fígado ou ser envolvidos pela lipopro- teína de densidade muita baixa (VLDL)e levados novamente ao sangue. Pesquisas demonstraram que uma dieta rica em gorduras aumenta a capa- cidade de absorção dos licopenos ingeri- dos. Alguns medicamentos para baixar a taxa de colesterol, bem como alguns substitutos de gorduras, como o olestra, por exemplo, dificultam sua absorção. O processamento de tomates que envolve tratamento térmico, apresenta como resultado a liberação de licopeno pela matriz celular, tornando o mesmo mais biodisponível. Um estudo mostrou, inclusive, que a absorção de licopeno da massa de tomate cozido era 3,8 vezes maior do que no caso de tomates frescos. Como mencionado, a absorção do licopeno pode também ser afetada pela presença de outros carotenóides; em alguns estudos foi observado que o β -caroteno aumenta a absorção de licopeno, enquanto a presença de can- taxantina parece diminuir sua absorção. O licopeno e outros carotenóides lipofílicos são carregados pelo corpo por LDL (low-density lipoproteines) e ou- tras lipoproteínas. As maiores concen- trações de licopeno estão nos testículos, glândulas adrenais, fígado e próstata. De fato, o licopeno representa até 80% dos carotenóides totais encontrados nostestículos e glândulas adrenais.INTERAÇÃO DO LICOPENO COM OUTROS CAROTENÓIDESPesquisas sugerem que é possível haver uma competição entre os caro- tenóides na incorporação das micelas, na absorção intestinal, transporte linfático ou em mais de um nível. Isso é demonstrado em um estudo, anali- sando a biodisponibilidade do licopeno in vitro, que a incorporação desse carotenóide na micela pode diminuir a relativa capacidade com a qual o betacaroteno é incorporado. Em outro estudo, que avaliou a interação entre licopeno, betacaroteno e luteína, foi verificado que existe uma compe- tição entre luteína obtida do vegetal, licopeno e betacaroteno no que diz respeito ao seu aparecimento na fração do quilomícron. Isso sugere que esses carotenóides competem fortemente na33ADITIVOS & INGREDIENTES

