A luz ultravioleta (UV-C) é um método de processamento de alimentos que mata bactérias, sem usar calor ou produtos químicos agressivos, aumenta a vida útil e pode até aumentar a nutrição de alimentos. como cogumelos, pão e leite.
A cada ano, estima-se que uma em cada 10 pessoas no mundo adoece como resultado do consumo de alimentos contaminados. Destes, impressionantes 420.000 morrem, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além da óbvia ameaça à saúde e ao bem-estar humano, as doenças transmitidas por alimentos decorrentes produtos não seguros podem também produzir um efeito cascata de impedir o desenvolvimento socioeconômico, pressionando os sistemas de saúde e restringindo o turismo, o comércio e o crescimento econômico. Em termos reais, estima-se que cerca de US$ 110 bilhões são perdidos a cada ano em produtividade e custos médicos relacionados ao consumo de alimentos inseguros em economias de baixa e média renda.
Por essas razões e no que diz respeito aos fabricantes de alimentos, é essencial garantir que os produtos alimentícios e bebidas sejam produzidos, manuseados e embalados de maneira segura e higiênica.
É aí que entra a luz ultravioleta, comumente conhecida como a sigla UV-C, que pode inativar e destruir bactérias na superfície dos alimentos, sem a necessidade de calor ou produtos químicos nocivos.
Uma alternativa ao processamento térmico tradicional, o UV-C já está sendo usado para uma variedade de aplicações de segurança alimentar, incluindo pasteurização de sucos, tratamento de superfícies de contato com alimentos para aumentar a vida útil dos produtos alimentícios e destruição de bactérias na superfície de carnes.
Emitido através de lâmpadas, mais comumente em um comprimento de onda de 254 nanômetros (nm), o UV-C danifica ou modifica o DNA das bactérias, limitando sua capacidade de reprodução e disseminação. É uma tecnologia de descontaminação de superfícies, o que significa que apenas as bactérias diretamente expostas à luz UV-C podem ser destruídas.
Por isso, na indústria alimentícia, o UV-C é mais eficaz quando utilizado em produtos cobertos por embalagens transmissivas, ou na superfície de frutas, legumes e produtos de panificação. Também pode ser, e muitas vezes é, usado para tratar líquidos, como a água.
Então, quais são as vantagens de usar a luz ultravioleta no processamento de alimentos para os fabricantes e como eles podem enquadrar melhor a comunicação com os consumidores?
Em comparação com outras tecnologias de processamento de alimentos que alteram a composição genética ou a estrutura dos produtos alimentícios, a luz UV-C funciona destruindo as bactérias na superfície dos produtos ou dos equipamentos com os quais entram em contato. Por causa disso, geralmente é considerado um método relativamente não invasivo de desinfecção de alimentos.
Desde sua aprovação como uma alternativa segura à pasteurização térmica pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e pelo Departamento de Agricultura (USDA) em 2000, a irradiação UV tem sido vista como tendo uma “imagem positiva do consumidor”. Já é um processo popular e bem estabelecido de tratamento de água, desinfecção do ar e contaminação de superfícies. Isso o torna um método atraente para fabricantes de alimentos, principalmente aqueles que estão se afastando das técnicas tradicionais de processamento térmico.
O instituto de pesquisa de alimentos Nofima, publicou recentemente os resultados de um estudo de quatro anos sobre os efeitos de seis novas tecnologias de processamento em alimentos e as percepções dos consumidores destes, entre os consumidores noruegueses.
Analisando as respostas de pesquisas e estudos científicos de consumidores, a Nofima sugere duas vantagens principais que os fabricantes devem enfatizar ao comercializar produtos que foram tratados via UV-C. A primeira refere-se ao benefício da redução do desperdício de alimentos durante o processamento, e a segunda gira em torno da preservação dos nutrientes e da qualidade dos produtos processados por esse método.
Avanços recentes na ciência e engenharia da luz UV-C a tornaram uma escolha viável para fabricantes de alimentos, com um estudo concluindo que o processamento de luz UV pode melhorar a segurança de alimentos sólidos e líquidos selecionados sem perda apreciável de qualidade ou teor de nutrientes.
Um estudo recente em que amostras de lombo de porco foram inoculadas com Listeria mono., descobriram que o tratamento com UV-C alcançou altas reduções, com média de 2,23 log de unidade formadora de colônia (ufc) por 100ml, enquanto outro relatou que a tecnologia teve impactos positivos na redução da quantidade de E. coli em amostras de peito de frango.
Além disso, quando se trata de vida de prateleira, pesquisas sobre o efeito da luz UV-C na superfície de produtos cárneos mostram que apenas uma pequena quantidade de energia é necessária para matar bactérias e prolongar a vida de prateleira, em comparação com outros métodos, como o processamento térmico. Com até 40% dos alimentos produzidos globalmente acabando como lixo, estender a vida útil dos produtos por meios sustentáveis é um passo na direção de diminuir a quantidade de alimentos que acaba em aterros sanitários.
Apesar de ser amplamente utilizado na indústria global de alimentos, existem discrepâncias na legislação entre os setores de alimentos e estados em torno do uso de UV-C para tratar determinados produtos.
Caso o processamento UV-C dê origem a mudanças significativas na composição ou estrutura de produtos alimentícios, afetando seu metabolismo, valor nutricional ou nível de substância indesejável, é necessária a aprovação de novos alimentos, conforme a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos, de 2015 ( parecer da AESA).
Descobriu-se que a tecnologia aumenta substancialmente a vitamina D2 no pão, fermento e cogumelos, bem como a vitamina D3 no leite. Consequentemente, esses quatro usos foram previamente aprovados pela EFSA.
Fonte: Fi Global Insider