A memória faz parte da formação das expectativas em relação à comida. Grande parte do conhecimento cotidiano sobre alimentos e bebidas foi adquirido incidentalmente, sem a necessidade de aprendizado explícito ou atenção concentrada. Esse conhecimento é frequentemente armazenado de forma implícita, embora exerça influência substancial no comportamento alimentar.
Certos sabores têm o poder de acionar memórias afetivas de forma automática, revelando a complexidade dos sentidos envolvidos na experiência de comer. Essa conexão entre sabores e emoções pode ser explicada cientificamente pela relação direta entre o centro das emoções no cérebro e o córtex gustativo e olfativo, áreas onde os sabores e aromas são processados. Durante a alimentação, todos os cinco sentidos entram em ação, criando uma série de sensações que se combinam de maneira complexa. Cada sentido tem suas próprias características e peculiaridades, que contribuem significativamente para a percepção final dos alimentos.
A emoção humana é multifacetada, relacionada a processos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, que não podem ser facilmente reduzidos a uma única medida. Vários fatores influenciam a forma como as características sensoriais dos alimentos são percebidas, desde a faixa etária até o estado de ânimo e temperamento.
Harmonizar os atributos dos ingredientes para estimular os sentidos e criar experiências prazerosas durante a degustação é uma fórmula valiosa para atender às expectativas do mercado.
A capacidade de criar alimentos que agradem consistentemente a um amplo público é uma vantagem primordial, o que tem despertado um maior interesse da indústria na qualidade do produto e na aceitação do consumidor. Nesse contexto, a ciência sensorial desempenha papel fundamental, oferecendo uma abordagem sistemática para entender a percepção sensorial humana dos alimentos.
Atualmente, as teorias e metodologias da ciência sensorial são consideradas "melhores práticas" para estudar as experiências humanas com alimentos, incluindo a memória afetiva.
As experiências da infância desempenham um papel fundamental na formação de preferências e hábitos alimentares que persistem ao longo da vida. Embora esses hábitos possam evoluir durante a vida adulta, as lembranças e as primeiras experiências alimentares permanecem, influenciando as escolhas de maneira consciente e inconsciente e desempenhando papel importante na construção de vínculos sociais.
Uma das formas de explorar essas conexões é por meio de sabores nostálgicos, que evocam sentimentos de felicidade, conforto, diversão e indulgência. No entanto, os consumidores de hoje têm uma abordagem mais equilibrada em relação à indulgência, priorizando sua saúde e bem-estar. Nesse contexto, a nostalgia pode ser explorada oferecendo produtos que relembram a infância, mas com uma abordagem mais saudável.
Os produtos nostálgicos podem ser reintroduzidos no mercado de diversas maneiras, seja relançando produtos antigos, revitalizando receitas tradicionais ou inspirando-se no passado para criar novos produtos. A chave está em compreender o consumidor, suas experiências e os sentimentos que podem ser evocados ao consumir o produto.
É importante lembrar que a nostalgia ligada a alimentos e bebidas varia de acordo com fatores como a geração, a família e a cultura, ou seja, o que é nostálgico para uma pessoa pode não ser para outra.
Portanto, ao associar uma mensagem de marca a referências nostálgicas positivas, é essencial levar em consideração o público-alvo para prever a conexão emocional do consumidor com o produto alimentício.
