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Qual o potencial de aplicação inexplorado das proteínas vegetais?

O consumo baseado em plantas já estava aumentando antes da Covid-19 e se intensificou com os consumidores fazendo escolhas mais informadas sobre o que estão comendo durante a pandemia. De acordo com Signe Causse, líder global de marketing para panificação e saúde digestiva da DuPont Nutrition & Biosciences, houve um foco maior na saúde e no bem-estar geral durante a pandemia, o que abriu caminho para impulsionar ainda mais o consumo de alimentos e bebidas vegetais, especialmente alternativas à base de carne vegetal.

De acordo com indicadores de consumo, o segmento à base de vegetais continuará a crescer fortemente, dando mais atenção à saúde e bem-estar, fortemente associado ao reequilíbrio de suas dietas para alimentos mais vegetais. “A Covid-19 acelerou o interesse à base de plantas em toda a linha, com 42% dos consumidores consumindo alternativas à carne com mais frequência”, sinaliza Karen Emerson, gerente de desenvolvimento de negócios à base de plantas da Kerry Norte e Sul da Europa. “Os consumidores estão buscando uma dieta para apoiar a sua saúde física e a saúde do planeta”, afirma. A pesquisa da Kerry também revela que 50% dos consumidores europeus consideram a nutrição um motivador chave para a compra de produtos vegetais.

Para Sylvain Jouet, gerente de produto global para salgados da Givaudan, muitos fatores contribuíram para o crescimento contínuo e sustentado de produtos à base de plantas durante a Covid-19. Em primeiro lugar, a pandemia fez com que muitos consumidores globais passassem muito mais tempo em casa do que o normal. Durante esse tempo, o consumo de mídia e, em particular, as redes sociais aumentaram substancialmente. “Esses tipos de fatores, combinados com o foco e a preocupação com a saúde e o bem-estar geral, levaram a um grande interesse por produtos à base de plantas”, observa Jouet.

Com mais consumidores buscando produtos à base de plantas, listas curtas e simples de ingredientes são essenciais para maximizar o seu sucesso, acrescenta Lorraine Jansen, gerente de comunicações da GNT. “As alegações à base de plantas fornecem um foco de saúde, mas isso pode ser facilmente prejudicado quando os produtos contêm aditivos ou ingredientes de difícil compreensão para os consumidores”, ressalta.

De acordo com Mindy Leveille, gerente de marketing estratégico de proteínas da Kerry, os consumidores estão cada vez mais experientes e mais engajados em suas necessidades nutricionais e na qualidade nutricional de seus alimentos. “O uso de plantas passou de uma tendência de nicho para poucos a um fenômeno de pleno direito para muitos. A Covid-19 está chamando mais atenção para a saúde, segurança dos alimentos de origem animal e meio ambiente, o que impulsionou a tendência à base de vegetais”, explica. Além disso, a consciência do consumidor sobre a qualidade da proteína está crescendo, com os consumidores podendo encontrar informações com muita facilidade em blogs e mídias sociais, acrescenta Leveille.

Para Causse, da DuPont, o segmento de bebidas à base de vegetais está mais maduro e com previsão de um crescimento menor, precisando fazer mais nas alternativas à base de carne vegetal e ainda mais no segmento de alternativas à base de queijo vegetal. “De acordo com pesquisas de consumo da ProVeg na Europa, queijo é o que os consumidores mais sentem falta em termos de disponibilidade e qualidade do produto”, destaca.

Nesse item, Leveille observa que muitas fontes de proteína de base vegetal não têm a mesma qualidade nutricional que a proteína do leite ou do ovo. Por exemplo, as bebidas alternativas lácteas à base de vegetais não têm tanta proteína quanto os produtos lácteos. “Há uma oportunidade para os fabricantes de produtos lácteos de base vegetal fortificarem os seus lácteos à base de plantas com proteína vegetal para melhorar o perfil nutricional dessas bebidas”, observa.

Leveille destaca que além das alternativas lácteas e carne à base de vegetais, permanece um potencial inexplorado significativo para o movimento das proteínas vegetais em aplicações como barras nutricionais, águas, biscoitos, sorvetes, iogurtes e snacks. “Os consumidores desejam alimentos mais saudáveis, nutritivos e sustentáveis e a proteína vegetal pode atender a essas demandas”.

Karen Emerson, da Kerry, espera ver uma demanda contínua por carnes vegetais, como hambúrgueres, salsichas e nuggets para o próximo ano. “Para esses itens essenciais, novas proteínas e técnicas de processamento irão melhorar a entrega de textura. Também prevemos extensões de linha para carne de delicatessen e carne curada e alternativas de peixe, à medida que a demanda por esses produtos aumenta em toda a categoria de produtos”, observa.

Jouet, da Givaudan, acredita que todas as aplicações baseadas em plantas terão sucesso em 2021. “As ofertas alternativas de carnes e lácteos à base de vegetais continuarão a se expandir e crescer. Da mesma forma, esperamos ver peixes e frutos do mar de origem vegetal crescerem significativamente à medida que as tecnologias, capacidades e demanda convergem”, ressalta.

Segundo Jansen, a GNT tem criado algumas possibilidades interessantes com produtos à base de peixes de origem vegetal, como salmão defumado e carpaccio de atum. “Podemos fornecer soluções de cores eficazes para quase todos os produtos à base de plantas e, como resultado, vemos um aumento significativo no interesse por nossas cores”, explica.

Para Jansen, o peixe vegetal é uma área que continua pronta para expansão. “Ainda representa uma pequena fração do mercado global de frutos do mar, mas há muitos motivos para acreditar que pode ser a próxima grande tendência. Além das questões éticas e ambientais, há também a expectativa de uma lacuna significativa entre a demanda e a oferta de peixes nos próximos anos”, sinaliza. Os fabricantes já desenvolveram maneiras inovadoras de recriar sabores e texturas em produtos de peixe à base de plantas, incluindo filés de salmão, atum em lata e até sashimi. “Podemos fornecer essas alternativas de frutos do mar com cores altamente realistas, ao mesmo tempo que apoiamos uma rotulagem limpa”, acrescenta Jansen.

Leveille observa que conforme aumenta o conhecimento sobre proteína vegetal, bem como tecnologias de processamento, as possibilidades para produtos à base de plantas são infinitas. “Além disso, as fontes de proteína vegetal, como canola, girassol, cânhamo ou fava, ampliam as soluções disponíveis para a inovação de alimentos e bebidas em proteínas vegetais”, conclui.




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