Durante séculos, especialmente entre os grupos mais ricos, a comida foi associada à indulgência. De grandes banquetes reais que remontam ao milênio anterior, à ascensão de chefs famosos e publicidade que relaciona a comida com felicidade, comer e se divertir se juntaram tão naturalmente quanto “feijão com arroz”.
Seja uma celebração nacional ou religiosa, ou apenas um bolo enorme no seu aniversário, refeições elaboradas e doces estão entre os grandes prazeres da vida e algo que as pessoas não querem perder.
Mas então vem a culpa. Para aqueles que têm a sorte de ter ido além da comida como uma necessidade escassa e possuem um mundo de escolha cada vez mais em expansão, a indulgência traz consigo preocupações com a saúde. Como demonstrado por marcas de dieta e condicionamento físico, adicionar um elemento “bom para você” a alimentos não conhecidos por seus benefícios é um objetivo constante de muitos produtores. Mais importante ainda, existe um grande desejo global pelo prazer sem culpa de uma indulgência saudável.
As demandas dos consumidores e os desenvolvimentos regulatórios aceleraram o progresso na batalha contra os altos níveis de açúcar, sal e gordura. De acordo com análises conduzidas pela World Action on Salt, Sugar and Health, os esforços dos órgãos governamentais e dos fabricantes no Brasil levaram a uma redução voluntária de 8% a 34% no uso de sal em vários produtos alimentícios. Os efeitos nocivos do alto teor de açúcar, sal e gordura nos alimentos é uma preocupação global devido ao potencial impacto na saúde dos consumidores. Isso aumentou nos últimos dois anos, à medida que a Covid-19 impulsionava ainda mais a ascendente demanda por produtos mais saudáveis. Apesar de um ligeiro declínio na penetração de ofertas indulgentes saudáveis, esse mercado continua a crescer globalmente com um crescimento anual composto (CAGR) de + 5%.
À medida que a busca por inovação continua, a indulgência saudável se ramifica em conceitos que reduzem os ingredientes prejudiciais, enquanto aumentam os níveis de componentes mais saudáveis, como proteínas, probióticos e vitaminas. Para os consumidores, isso significa mais oportunidades de saciar-se em diferentes categorias de alimentos de forma segura e sem culpa. A pesquisa com consumidores da Innova Market Insights em 2021 mostra que há um mercado estabelecido para indulgências saudáveis e ainda espaço para inovar e expandir.
Os brasileiros estão à frente da média global quando se trata de escolher produtos mais saudáveis nas categorias de bebidas quentes, lácteos, sopas e molhos, mas claramente também apreciam sabores indulgentes. Mais opções em sobremesas saudáveis como sorvetes, bolos, doces e chocolates podem proporcionar o melhor dos dois mundos combinados a um mercado consumidor disposto e bem instruído.
Existe claramente um cruzamento entre saúde e indulgência, onde o sabor e o prazer sem culpa encontram os consumidores que não querem se arrepender após desfrutar uma refeição. Produtos que podem satisfazer os desejos por experiências sensoriais intensificadas, enquanto preservam e aumentam a saúde, têm uma chance maior de ter sucesso. Continua constante o lançamento de novos produtos indulgentes e premium alegando tais benefícios, com os principais posicionamentos sendo: sem aditivos ou conservantes; sem glúten; fonte de proteína; natural e vegetariano. No Brasil e em toda a região da América Latina, as alegações sobre proteínas e a ausência de aditivos são especialmente proeminentes entre os novos produtos indulgentes e sofisticados.
A demanda contínua dos consumidores por produtos indulgentes mais saudáveis, junto com os esforços dos órgãos reguladores, dá ânimo adicional aos esforços dos pesquisadores da indústria de alimentos. Essas três comunidades em combinação podem motivar o mundo em direção a um futuro alimentar de maior prazer, livre de culpa e com indulgência saudável.
Fonte: Food Innovation