Page 8 - Aditivos & Ingredientes Ed. 123
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8ENTREVISTA“Algumas empresas do setor de alimentos vêm buscando a oportunidade de trabalhar com biofortificados e, inclusive, tornando essa técnica uma pauta dentro do seu campo de P&D”.inclusive, das instituições parceiras manterem o foco no melhoramento convencional de alimentos que com- põem a cesta básica de regiões com índices consideráveis de deficiência alimentar.Qual o trabalho desenvolvido pela Embrapa no campo de alimentos biofortificados?No Brasil, a Embrapa coordena a Rede BioFORT, que é o aglomerado dos projetos de biofortificação de ali- mentos do país. Seu principal obje- tivo é garantir uma maior segurança nutricional através do aumento dos teores de ferro, zinco e vitamina A na dieta da população mais carente, combatendo assim a fome oculta. A essência está em enriquecer alimen- tos que já fazem parte da dieta da população para que esta possa ter acesso a produtos mais nutritivos e que não exijam mudanças de seus hábitos de consumo.A Rede tem apoio do programa HarvestPlus, uma aliança de insti- tuições de pesquisa que atuam na América Latina, África e Ásia, com recursos financeiros da Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e agências internacionais de desen- volvimento. Conta ainda com proje- tos financiados pela Embrapa, CNPq e diversas fundações estaduais de suporte a pesquisa (FAPERJ, FAPESP, FAPEMIG). A pesquisa e o desenvol- vimento de alimentos biofortificados no Brasil evidenciam um aspecto diferenciado dos demais países - o Brasil é o único onde são condu- zidos, ao mesmo tempo, trabalhos com oito culturas diferentes: abóbo- ra, arroz, batata-doce, feijão, feijão- caupi, mandioca, milho e trigo.A Embrapa priorizou os Estados do Maranhão e Piauí, que vêm rece- bendo sementes, ramas e manivasde cultivares com maiores teores nutricionais. Esta seleção não foi aleatória, uma vez que estes Estados apresentam os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país.Qual a interação entre biofortificação e indústria de alimentos?Algumas empresas do setor de ali- mentos vêm buscando a oportunidade de trabalhar com biofortificados e, inclusive, tornando essa técnica uma pauta dentro do seu campo de P&D.Qual a influência da biofortifi- cação no setor de ingredientes alimentícios?Extração de carotenoides de batata-doce e abóbora, pode ser uma opção para fornecimento deste composto de forma natural e não sintético.Qual a importância da biofortificação para a indústria alimentícia?Produção em escala comercialde alimentos biofortificados e uma maior variedade de oferta, quando em relação com as opções ofereci- das pela indústria de alimentos.Como essa tecnologia influen- cia no processamento de ali- mentos? Como é sua adequa- ção aos processos industriais?Todas as etapas de processamen- to, inclusive os cuidados, permane- cem iguais aos convencionais.Na sua opinião, a biofortifica- ção ainda é um campo novo para a indústria de ingredien- tes alimentícios?Acredito ser uma oportunidade quanto a novas matérias-primas para a indústria de ingredientes.Atualmente, como a indústria de ingredientes alimentícios trabalha a biofortificação de alimentos?Não temos conhecimento de indústria de ingredientes alimentí- cios que já trabalham com bioforti- ficados, porém, sem dúvida, é uma relação com um enorme potencial a ser explorado.Qual o campo de desenvolvi- mento da biofortificação para a indústria de ingredientes alimentícios?Atualmente, acredito que o principal campo seria a produção de carotenoides, pois seu campo de atuação pode ser tanto como corante natural, como uma pró- vitamina A.“Não temos conhecimento de indústrias de ingredientes alimentícios que já trabalham com biofortificados, porém, sem dúvida, é uma relação com um enorme potencial a ser explorado”.ADITIVOS & INGREDIENTES

