A indústria de alimentos e bebidas do Brasil registrou um crescimento expressivo de 9,98% no faturamento, atingindo R$ 1,277 trilhão em 2024. A produção também apresentou alta de 3,2%, totalizando 283 milhões de toneladas. O setor agora representa 10,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, reforçando sua importância estratégica para a economia do país.
Do faturamento total, 72% (R$ 918 bilhões) são provenientes do mercado interno, enquanto 28% (US$ 66,3 bilhões) vêm do comércio exterior. As vendas reais totais (mercado interno + exportações) cresceram 6,1% no ano, impulsionadas pela ampliação do emprego e da renda, segundo a Pnad/IBGE, que elevou a massa de rendimentos reais em mais de 6%.
Os segmentos com maior crescimento foram o Food service, com +10,4%, e o varejo alimentar, com +8,8%. Esse desempenho foi impulsionado pelos investimentos em P&D, modernização de plantas industriais e ações de sustentabilidade.
Segundo João Dornellas, presidente executivo da Abia, o setor já investiu R$ 74,7 bilhões em 2023 e 2024, representando 62% do total de R$ 120 bilhões projetados até 2026. “Esses investimentos são fundamentais para garantir competitividade e abastecimento sustentável no mercado nacional e internacional”, afirma.
A receita das exportações da indústria de alimentos e bebidas cresceu 6,6%, chegando a US$ 62,2 bilhões, enquanto o volume exportado teve alta de 10,4%, somando 80,3 milhões de toneladas. O Brasil continua sendo o maior exportador mundial de alimentos em volume, com crescimento de 72,7% em valor e 29,2% em volume no período de 2020 a 2024. Os principais mercados foram Ásia, 38,7% (com destaque para a China, 14,9%), Liga Árabe, 18,9%, e União Europeia, 12,6%.
Os produtos mais exportados incluem:
- Proteínas animais (carnes): US$ 26,2 bilhões
- Produtos do açúcar: US$ 18,9 bilhões
- Soja e derivados: US$ 10,7 bilhões
- Sucos e preparações vegetais: US$ 3,7 bilhões
- Óleos e gorduras: US$ 2,3 bilhões
Desafios com custos de produção
Apesar do crescimento, a indústria enfrentou um aumento médio de 9,3% nos custos de produção, impulsionado pela alta nas commodities agrícolas do cacau, café, leite, milho, trigo, custo da energia elétrica, do diesel e gás natural.
A desvalorização do real e eventos climáticos adversos, como enchentes no Rio Grande do Sul e estiagens prolongadas em outras regiões, também afetaram a safra de grãos e a qualidade das pastagens.