A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença ocular comum entre pessoas acima de 50 anos, sendo considerada a principal causa de cegueira em idosos.
Esta doença que acomete o centro do campo visual tem como principais sintomas a visão central turva ou reduzida que ocorre devido ao afinamento da mácula, uma área especializada no centro da retina responsável pela visão nítida. A piora da visão pode afetar a capacidade de reconhecer rostos e de executar atividades do dia a dia, como ler e dirigir.
Estima-se que a DMRI afete cerca de 16% dos idosos acima de 70 anos. No Brasil, esta doença acomete mais de 2 milhões de pessoas por ano. Os fatores de risco para a DMRI incluem a predisposição genética, o envelhecimento, o tabagismo, a obesidade e a exposição excessiva à luz solar.
O tratamento da DMRI representa um grande desafio pois, infelizmente, a doença não tem cura. Apesar disso, se o paciente for diagnosticado precocemente, mudanças de estilo de vida e a suplementação com uma combinação especial de carotenoides, vitaminas e minerais pode reduzir a progressão da doença e a chance do paciente perder a visão.
A mácula apresenta altas concentrações de luteína e zeaxantina, pigmentos carotenoides antioxidantes que protegem as células fotorreceptoras da luz azul. Além disso, o estresse oxidativo desempenha um papel importante na DMRI. Com base nestes fatos, surgiu a hipótese de que a ingestão mais alta de nutrientes antioxidantes poderia impedir ou retardar a progressão da doença.
Nos últimos 20 anos, diversos estudos clínicos demonstraram repetidamente os benefícios da suplementação nutricional em pacientes com DMRI. O primeiro e mais importante foi o “Estudo da Doença Ocular Relacionada à Idade” (Age-Related Eye Disease Study, ou AREDS), do National Eye Institute Americano, realizado com mais de 4.000 pacientes com DMRI. Este estudo demonstrou que, em indivíduos com quadro intermediário ou avançado de DMRI, uma combinação de zinco, beta-caroteno e vitaminas C e E reduziu em cerca de 25% o risco de progressão da doença ao longo de 5 anos.
Outras análises adicionais do AREDS sugeriram que uma maior ingestão alimentar de luteína, zeaxantina e ácidos graxos ômega-3 diminuiu o risco de desenvolver DMRI avançada.
Posteriormente, o estudo AREDS 2, também com duração de 5 anos, avaliou mais de 4.000 indivíduos com DMRI intermediária com o objetivo de determinar se a adição de luteína e zeaxantina e/ou ômega-3 à formulação original do AREDS reduziria ainda mais o risco de progressão da doença. O estudo também avaliou os efeitos de refinar a fórmula AREDS, eliminando o beta-caroteno e reduzindo a dosagem de zinco. O AREDS 2 demonstrou que: a luteína e a zeaxantina podem ser mais apropriadas que o beta-caroteno na suplementação nutricional desses pacientes; a redução da dose de zinco não diminuiu o efeito benéfico da fórmula; e não houve maior benefício com a adição de ômega-3 à fórmula.
Mais uma vez comprovando o benefício da suplementação antioxidante na DMRI, o “Estudo Italiano de Carotenoides em Maculopatia Relacionada à Idade” (Carotenoids in Age-Related Maculopathy Italian Study, ou CARMIS) publicado no European Journal of Ophthalmology demonstrou que a suplementação por dois anos com as vitaminas C e E, os minerais zinco e cobre e os carotenóides luteína, zeaxantina e astaxantina melhorou a visão dos pacientes em comparação aos indivíduos que não receberam nenhuma suplementação.
Por fim, recentemente (março de 2020) foi publicado na mesma revista outro estudo clínico italiano com duração de dois anos que analisou o efeito da mesma combinação de nutrientes do CAMRIS adicionada de ômega-3 na progressão da DMRI intermediária. Os indivíduos que receberam o suplemento tiveram uma redução significativa do risco de perda visual severa, que ocorreu em 2,1% dos pacientes suplementados em comparação com 15,4% dos pacientes do grupo placebo.
Em suma, a suplementação conjunta de antioxidantes (carotenoides, vitaminas, minerais e possivelmente ômega-3) apresenta ação comprovada no combate à progressão da DMRI. É importante ressaltar a importância de realizar avaliações preventivas a partir dos 55 anos de idade, principalmente em pacientes de risco. No caso destes pacientes de risco ou em estágio inicial da doença, o oftalmologista pode recomendar mudanças na dieta e estilo de vida, assim como a suplementação antioxidante quando considerar necessário, embora o efeito da suplementação preventiva não tenha sido avaliado nos estudos acima.
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Referências
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