A terceira edição do estudo Who Cares, Who Does?, da Kantar, empresa global de dados, insights e consultoria, que relaciona atitudes sustentáveis dos consumidores aos comportamentos de compra, aponta, mais uma vez, que os latino-americanos demonstram maior preocupação com desperdício e qualidade da água quando o assunto é preservação do meio ambiente.
Em relação aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos em 2015 pela ONU a serem alcançados até 2030 para proteger o ambiente e o clima do planeta, os respondentes do estudo da Kantar sinalizaram as seguintes prioridades na esfera social: qualidade da educação (56%), seguida de pobreza e condições dignas de trabalho e crescimento econômico (51%). No âmbito do meio ambiente, lideram a preocupação dos entrevistados com a água potável e saneamento básico para 54% e cidades e comunidades sustentáveis para 38%.
Para 62% dos respondentes, a pandemia tornou a questão da sustentabilidade mais importante do que era antes da pandemia e 35% acreditam que governos/políticos são os maiores responsáveis pelo combate aos danos ao meio ambiente, número que chega a 46% entre os brasileiros.
O consumidor ainda faz pouco pelo meio ambiente, apesar de ter consciência do impacto de suas ações; 38% dos entrevistados gostariam de fazer mais pelo planeta, mas não agem para isso.
“É necessário desmistificar o consumidor EcoActive. Ele não é mais nicho, consome como qualquer outro e é o que mais gasta com bens de consumo massivo. Se pensarmos que os EcoActives devem chegar a quase metade da população em 2029, é urgente que as marcas considerem cada vez mais esse público e atuem de maneira efetiva e com propósito legítimo para fidelizá-lo.”, afirmou Kesley Gomes, diretora Latam da divisão Worldpanel da Kantar.
O estudo Who Cares, Who Does? divide os consumidores em três grupos de relação com o meio ambiente: EcoDismissers, que têm pouco ou nenhum interesse pelos desafios ambientais do planeta e não estão fazendo nada para mudar esta postura; EcoConsiderers, que tomam algumas medidas para reduzir seu impacto ambiental; e EcoActives, que trabalham constantemente para diminuir os níveis de resíduos plásticos e para proteger o meio ambiente.
Na América Latina, o número de EcoDismissers caiu de 65% em 2019, para 47% em 2021. Os EcoActives, que eram 11% em 2019, passaram para 16% este ano; e os EcoConsiders foram de 24% para 37%. Globalmente, se viu a mesma tendência. No entanto, no Brasil houve movimento inverso de EcoDismissers, que eram 68% em 2019 e agora são 71%. Os EcoActives brasileiros são apenas 8%, menor taxa entre os países pesquisados, apesar de ter aumentado 2% em dois anos. O Chile é o país com consumidores mais conscientes quanto a sustentabilidade, tendo 31% de EcoActives, grupo que deve se tornar a metade da população até 2029, ressaltando a importância de questões ligadas a meio ambiente e consumo consciente para as marcas.
Ao analisar os hábitos de compra desses consumidores, a grande maioria (63%) disse tentar comprar produtos com embalagem eco-friendly, mas apenas 25% evitam embalagem de plástico, apesar de ser considerada a mais danosa ao meio ambiente pela maioria (55%) na região.
Sobre itens que levam em conta ao comprar um produto, a maioria respondeu que procura embalagens que possam ser recicladas (49%) ou feitas de material reciclado (39%). Embalagens zero carbono aparecem como escolha de apenas 11% dos latinos.
A educação sobre reciclagem se mostrou um grande desafio em todos os países da amostra. Consumidores latinos ainda têm dúvidas sobre o que pode ser reciclado, como reciclar e onde obter informação. No Brasil, 36% não têm certeza dos produtos que podem ser reciclados e 46% não sabem onde e como descartar invólucros biodegradáveis.
Os consumidores revelaram grande influência das ações das empresas em suas escolhas; 64% disseram ter parado de comprar produtos e/ou serviços devido ao seu impacto negativo ao ambiente e 68% migraram para outros de impacto positivo. Marcas de bens de consumo massivo que têm boa relação com EcoActives são as que progrediram mais rápido nos últimos anos. No Brasil, de junho de 2020 a junho de 2021, o crescimento delas foi de 51%.
Fonte: Food Innovation