Empresas que atuam com equipamentos para a irradiação de alimentos apontam que frutas e produtos cárneos são os itens do agro que, a princípio, mais interessam aos investidores. A discussão surgiu durante o último dia do Seminário sobre Irradiação de Alimentos, promovido pela Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR), com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Em todo o mundo, as frutas têm sido irradiadas com segurança em larga escala. Em média, duram três vezes mais depois da exposição a essa forma de energia. Proteínas foram incluídas na lista de interesse em função de uma sazonalidade menor e da boa aceitação do produto irradiado em outros países.
De acordo com os debatedores, 186 centros de irradiação estão implantados em 47 países e o consumo de alimentos irradiados é permitido em 60 países. O Brasil trabalha no desenvolvimento de uma política de Estado para adotar a irradiação de alimentos, processo que amplia a durabilidade de forma segura, reduzindo o desperdício e expandindo o mercado exportador.
Jaqueline Calábria, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), explicou que o processo é muito criterioso e bastante controlado. “Os alimentos não ficam radioativos, assim como os pacientes submetidos à radiação não ficam radioativos. A aplicação no agro não tem capacidade de modificar a estrutura nuclear”, afirmou, acrescentando que além de aumentar a vida útil, a irradiação permite a eliminação de pragas.
O pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Murillo Freire, apresentou resultados de pesquisas em produtos vegetais, como mangas, água de coco, suco de laranja, agrião e beterraba minimamente processados, entre outros. “A irradiação é um método de conservação de alimentos que deve ser utilizado em conjunto com outras boas práticas agrícolas, sempre pensando em manter as características sensoriais dos produtos”, comentou.
O secretário executivo do Mapa, Marcos Montes Cordeiro, reforçou a necessidade de se quebrar tabus em relação à irradiação. “A desmistificação deve ocorrer não só no Brasil, mas no mundo todo, e estamos trabalhando nesse sentido. O poder público poderá oferecer os instrumentos necessários à iniciativa privada, que já manifestou interesse no assunto”, disse.
Fonte: Mapa