Desafios atuais e futuros da indústria láctea no Brasil
A cadeia láctea brasileira está passando por profundas alterações estruturais, principalmente na estrutura de produção primária (leite na fazenda) e na estrutura industrial (consolidação de um setor ainda extremamente fragmentado).
Os principais desafios de curto prazo da indústria de laticínios estão associados à evolução de sua margem de lucro. Cerca de 80% do leite do país segue em cadeias de commodities lácteas que tem tido sua margem bastante volátil e, neste ano, reduzida.
Essa situação de margens nas principais commodities sinaliza um segundo grande desafio para a indústria, que é o de desenvolver, com sucesso de mercado (isto é, margens de lucro melhores, volumes de venda crescentes e maiores barreiras à entrada), novas linhas de derivados lácteos.
Associando esses desafios com a forma de relacionamento entre os elos da cadeia láctea, vê-se que tende a existir uma relação muito mais profissional e estável entre eles. Seguindo algumas importantes tendências sinalizadas pelo consumidor final de leite e derivados, como por exemplo, uma maior visibilidade sobre a cadeia de valor e a origem dos derivados consumidos: o bem-estar dos animais; a sustentabilidade ambiental; econômica e social da cadeia, há uma tendência de um relacionamento mais próximo e estável entre produtores e indústrias, de forma a dar visibilidade ao consumidor final desses e de outros parâmetros que serão cada vez mais exigidos.
Ao mesmo tempo, sabe-se que o produtor médio está crescendo em volume e passando a ter novas demandas (com maior visibilidade comercial) em relação à indústria - este também é um novo desafio e, de fato, uma grande quebra de paradigmas na cadeia leiteira.
Assim, o futuro da competitividade da cadeia láctea brasileira passa por alguns aspectos relevantes: estrutura de produção de leite nas fazendas, suas margens de rentabilidade e quais os sistemas de produção “vencedores” nas diferentes bacias leiteiras ou no Brasil; estrutura da indústria e das suas margens de rentabilidade: pontos associados a inovação de produto, geração e manutenção de barreias a entrada em novos mercados/produtos; relações mais saudáveis e duradouras entre produtores e indústrias; e desenvolvimento de novos canais de venda que atendam às exigências dos consumidores e proporcionem margens mais saudáveis a indústrias e produtores.