Apesar do cenário desafiador, projeções apontam uma recuperação gradativa do setor de food service a partir do segundo semestre. perspectiva é de 20% de crescimento em 2021
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Sergio Molinari, fundador da Food Consulting, analisa os impactos da crise para a cadeia de alimentos e as expectativas do mercado pós-Covid. Especialista foi o convidado do sexto dia do fórum digital DR Tá na Mesa, promovido pela multinacional brasileira Duas Rodas
O quarto maior mercado de food service do mundo tenta reagir aos impactos da pandemia. Com cerca de 1,3 milhão de estabelecimentos formais que geraram 6 milhões de empregos no Brasil em 2019, o setor movimentou quase R$ 200 bilhões em compras de ingredientes (sell-in) e R$ 462 bilhões em vendas no último ano (sell-out).
E as perspectivas para 2020 eram bastante animadoras: “Se projetava que, pela primeira vez, teríamos um mercado de food service acima de R$ 200 bilhões. Com isso, seria o maior mercado de food service que a gente já encontrou em todos os tempos no Brasil. O food service, em 2020, estaria entre os 3 melhores crescimentos de seus últimos 10 anos, com estimativas de crescer quase 5%. E mesmo quando olhávamos para os próximos anos, as perspectivas eram de crescimentos vigorosos”, contextualiza Sergio Molinari, fundador da Food Consulting e convidado do sexto dia do fórum digital DR Tá na Mesa – Oportunidades em meio às Mudanças, realizado nesta terça-feira (21/7).
Mas o cenário mudou completamente com a chegada do coronavírus e toda a cadeia precisou lidar com uma nova realidade: estabelecimentos fechados ou funcionando parcialmente, além da insegurança dos consumidores em relação à saúde e a perda de renda que afetaram o consumo.
Projeções para os próximos meses
É desafiador fazer projeções em um cenário volátil, quando mesmo locais com praças reabertas ou operando com limitações podem voltar a fechar dependendo do avanço do vírus. No entanto, Molinari explica que é possível se basear em algumas variáveis mais sólidas – o PIB, o PIB per capita, a população ocupada e o rendimento médio – para prever o que vai acontecer daqui para frente.
“De uma previsão de crescimento real perto de 5% em 2020, vamos para uma queda de aproximadamente 30%. Abril e maio foram os piores meses do ano e para os próximos esperamos uma recuperação de quase 10% por mês, fechando o ano em 80% do que foram os últimos dois meses do ano passado. Então, no segundo semestre o setor deve estar preparado para um cenário de retomada lenta.”
Para 2021, o especialista comentou que as expectativas são para uma recuperação do PIB em 4% e de 2% na renda média do brasileiro. “Se tudo isso se confirmar, o crescimento no ano que vem não será menor do que 20% no próximo ano, recuperando uma parte grande da queda sofrida agora.”
No momento, segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), cerca de 20% dos estabelecimentos já fecharam em definitivo no país e muitos outros podem não suportar os próximos meses. Isso significa, de acordo com Molinari, que aqueles que resistirem dividirão um mercado menor por algum tempo, mas com menos competidores do que antes.
Soluções para contornar este momento
Por conta da dificuldade de crescimento e outros reflexos da pandemia como baixo faturamento e custo operacional mais alto, somados à insegurança do consumidor, o especialista recomendou colocar mais foco em produtos com melhor rendimento, visando à eficiência
Outra dica para os estabelecimentos é olhar para os tipos de operação que estão se mantendo neste momento e analisar quais são as categorias de produtos que esses locais vendem para, assim, colocar mais ênfase em opções que podem ter mais saída e rever o que não está vendendo neste momento, repensando o cardápio.
Parceria na cadeia de alimentos se fortalece
Em toda a cadeia de alimentos, os impactos da pandemia foram semelhantes: queda de faturamento, consumidor retraído e poucas alternativas para operar, entre outros desafios. “Mais do que nunca, caiu a ficha de que ninguém vive sozinho. A visão da cadeia de valor tomou um choque por conta do que vivemos e quem não tiver sensibilidade, a capacidade de melhorar a forma de se relacionar com quem vem antes e com que vem depois nessa cadeia, vai ter uma dificuldade grande de ser competitivo”, afirmou Molinari.
Ainda de acordo com ele, uma pesquisa feita em 2019 indicou que as principais características que distribuidores viam em seus fornecedores eram a transparência, a agilidade, o comprometimento e a confiança. Valores esses que ganharam ainda mais importância neste momento. “É preciso entender que, através de uma relação ganha-ganha, todos saem fortalecidos. A confiança e o comprometimento um com o outro produzem mais resultados. O setor só está razoavelmente firme, especialmente nos canais de abastecimento, porque indústria e canais de abastecimento, em boa parte, conseguiram avançar nessa relação de crescimento conjunto”, finalizou.
Inovação é tema do último dia do fórum DR Tá na Mesa
No último dia da programação do DR Tá na Mesa, nesta quarta-feira (22/7), o fórum será dedicado à discussão sobre “A inovação não pode parar”, questão altamente estratégica para a sobrevivência dos negócios principalmente em períodos de crise.
O assunto será explorado pela Head de Inovação da Tacta Food School, Cristina Leonhardt, e pela Gerente de P&D – Inovação Plant Based na Seara Alimentos, Renata Nascimento.
Desde a semana passada, profissionais reconhecidos internacionalmente têm compartilhado conhecimentos e debatido temas de grande impacto para o setor no DR Tá na Mesa – Oportunidades em Meio às Mudanças, promovido pela Duas Rodas, líder brasileira na fabricação de aromas e ingredientes para as indústrias de alimentos e bebidas, com o objetivo de estimular o debate de estratégias para recuperação e crescimento das indústrias e de transformadores neste cenário turbulento de Covid-19.
Entre os temas debatidos nos seis dias anteriores do fórum digital estão:
Para acompanhar a programação do DR Tá na Mesa, a inscrição, gratuita, deve ser feita pelo link: https://bit.ly/38ngzP6!
Conheça mais informações sobre as palestrantes:
Cristina Leonhardt – Head Tacta Food School
Engenheira de Alimentos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com MBA na Fundação Getúlio Vargas. Trabalhou mais de 15 anos em P&D de ingredientes alimentares, desenvolvendo novos ingredientes, aditivos e aplicações. Em 2016, fundou a Sra. Inovadeira, o primeiro portal dedicado à inovação e P&D de alimentos no Brasil. No mesmo ano, co-fundou a Tacta Food School, através da qual o conteúdo da Sra Inovadeira é transformado em cursos e projetos. Atua com Gestão Estratégica de P&D e Inovação e projetos de desenvolvimento de alimentos. É mentora da Startup Weekend e de foodtechs.
Renata Nascimento – Gerente de Inovação Plant-Based da Seara
Formada em Engenharia de Alimentos (IMT) e doutora em Tecnologia de Alimentos (Unicamp), possui 21 anos de experiência na área de Desenvolvimento de Produtos/Aplicação, com ênfase em produtos cárneos. Atuou em empresas nacionais de grande porte em projetos de desenvolvimento de novos produtos, melhoria de existentes e implantação de novas linhas de produção. Foi também responsável por projetos de pesquisa e inovação tecnológica, atuando na busca de novas tecnologias e viabilidade de aplicação. Atualmente é Gerente de Inovação Plant-Based da Seara.