A densidade de nutrientes exercerá uma influência crescente no marketing de alimentos e no desenvolvimento de produtos nos próximos cinco anos, de acordo com a consultoria de alimentos e nutrição New Nutrition Business.

Embora as associações positivas de alimentos considerados ricos em nutrientes não sejam novas, a ideia está amadurecendo. “O conceito de alimentos densos em nutrientes tem flutuado por mais de 20 anos nos círculos de nutrição, mas mudou rapidamente recentemente, legitimado pelo termo densidade de nutrientes sendo usado com destaque” observou Julian Mellentin, diretor da New Nutrition Business.

Segundo Mellentin, o conceito chegou no radar das empresas e está emergindo como um termo de marketing. “Por enquanto, esse conceito é liderado pelo mercado dos Estados Unidos, mas termos como denso em nutrientes e rico em nutrientes têm um apelo óbvio para os profissionais de marketing e se espalharão mais amplamente”, explicou Mellentin.

A análise da New Nutrition Business sugere que a densidade de nutrientes tem o potencial de criar valor entre 25% a 30% dos consumidores mais ativos para a saúde.

À medida que a indústria toma nota dessa tendência emergente, espera-se que o tema ganhe força com os consumidores. De acordo com a pesquisa anual da New Nutrition Business, que mede as opiniões dos consumidores em cinco países, 12% dos entrevistados já ouviram falar em densidade de nutrientes, número que subiu para 21% na Espanha.

“Um dos atrativos dessa terminologia para os profissionais de marketing é que não existe uma definição única acordada, seja em termos regulatórios ou na mente do consumidor. Na prática, a densidade de nutrientes é algo que os consumidores aprendem nas redes sociais e podem se inclinar para a definição que acharem mais atraente”, sugeriu Mellentin.

Alguns consumidores preferem as plantas, enquanto outros procuram grãos, laticínios ou carne, todos considerados ricos em nutrientes. Essa ambiguidade amplia a oportunidade e com uma tendência impulsionada por consumidores de mídia social, pode gravitar em torno do entendimento que melhor lhes convém.

Para desenvolver novos produtos com poder de aderência, os inovadores em alimentos precisam garantir que estão realmente cumprindo as promessas que fazem. “As empresas responsáveis decidirão entregar produtos que são realmente ricos em nutrientes porque é isso que o consumidor informado deseja. A honestidade em marketing e desenvolvimento de novos produtos é uma vantagem competitiva”, observou o consultor.

Alimentos densos em nutrientes situam-se em uma intersecção de várias tendências de consumo que estão impulsionando o setor de alimentos hoje. Mellentin concorda que a confiança é um problema para os compradores e sugeriu que este é um dos fatores que impulsionam o interesse por comida "real", que muitas vezes é justaposta a alimentos ultraprocessados. “A falta de confiança do consumidor é um bom ponto e é por isso que estamos vendo um ressurgimento em muitos países da 'comida de verdade' e ingredientes com procedência. Os alimentos mais densos em nutrientes tendem a estar mais alinhados com os 'alimentos reais', por isso vão se beneficiar dessa mudança”, previu.

A densidade de nutrientes está ligada a outras plataformas de benefícios, como biodisponibilidade e sustentabilidade, por meio da saúde do solo e da agricultura regenerativa. As empresas já estão educando os consumidores e usando a densidade de nutrientes em relação à sustentabilidade e biodisponibilidade, bem como à saúde humana, observou o relatório da New Nutrition Business.

Alimentos densos em nutrientes não são necessariamente itens associados a alimentos embalados ou processados. A lista tende a incluir alimentos integrais minimamente processados, como nozes, salmão ou couve. Então, como os desenvolvedores de produtos de bens de consumo podem aproveitar isso em suas formulações de produtos?

“Muitos alimentos embalados já usam os ingredientes mencionados - nozes, couve, por exemplo - o que significa que estão na Etapa 1 no caminho para a densidade de nutrientes”, respondeu Mellentin, destacando que novos métodos de processamento estão sendo desenvolvidos para permitir que as empresas preservem mais da nutrição biodisponível nos ingredientes. “Existem tecnologias emergentes que resultam em alimentos embalados com poucos ingredientes e também densos em nutrientes. Você também pode tornar um produto embalado denso em nutrientes pela combinação de ingredientes - nozes, sementes, abacate, certos grãos inteiros, vegetais. É uma grande oportunidade para o P&D criativo e se alinha com o desejo do consumidor por 'naturalmente funcional', que tem sido um motivador de escolha do consumidor por 20 anos”, acrescentou.

As categorias de carnes e laticínios também podem ver um aumento positivo da sua associação com a densidade de nutrientes. “A maioria dos alimentos de origem animal é considerada rica em nutrientes ao lado de muitos alimentos vegetais, algo que os consumidores ainda não sabem, mas aprenderão à medida que as empresas começarem a usar o termo em embalagens e na educação do consumidor”, revelou o consultor.

Mas as perspectivas de entrega de alimentos ricos em nutrientes não se restringem a esses segmentos. Segundo continuou o consultor, existem oportunidades em todas as categorias onde se pode reunir combinações atraentes de ingredientes densos em nutrientes.

Fonte: Food Navigator