Os iogurtes estão frequentemente presentes na dieta dos brasileiros, tanto pela saudabilidade que oferecem, quanto por características sensoriais e de praticidade. Em termos de consumo domiciliar, os dados do IBGE (2020) mostram que o iogurte respondeu por 5% do consumo de lácteos em 2017-2018 e foi o quinto derivado lácteo mais consumido no país nesse período.
Porém, o iogurte encontra-se entre os produtos lácteos que possuem as maiores adições de açúcares. Tendo em vista os riscos à saúde relacionados ao excesso da ingestão de açúcares, muitos países ao redor do mundo já implementaram políticas para redução do consumo de açúcares.
No Brasil, em 2020, foi estabelecido um acordo entre o governo brasileiro e as indústrias alimentícias com o objetivo de reduzir a adição de açúcares até 2022, em 23 categorias de alimentos e bebidas, incluindo os iogurtes na categoria de produtos lácteos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece que o consumo de açúcar de adição não deve ultrapassar 5% do consumo energético total. Entretanto, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 360, no Brasil, a quantidade de açúcar livre presente na composição dos alimentos não é uma informação obrigatória na rotulagem dos produtos embalados, diferente da quantidade de carboidratos.
Por meio do teor de carboidratos, é possível ter uma referência da quantidade de açúcar presente no produto, pois os açúcares são classificados como carboidratos. Vale ressaltar, que na lista de ingredientes no rótulo dos alimentos no Brasil é obrigatório informar se contém açúcar adicionado.
Diante do exposto o objetivo do presente estudo foi avaliar o teor de açúcares nos iogurtes brasileiros por meio da análise do teor de carboidratos informados nos rótulos, como forma de avaliar a saudabilidade desses produtos.
Foram tabuladas informações nutricionais dos rótulos de 1.030 iogurtes, dos quais 300 eram integrais (29,1%), 302 desnatados (29,3%), 255 parcialmente desnatados (24,8%) e 173 gregos (16,8%). Com os dados coletados foi possível calcular a quantidade de carboidratos em 100g de iogurtes com e sem a presença de açúcar de adição.
Observa-se que há uma diferença estatisticamente significativa em relação aos iogurtes com e sem adição de açúcar. Como esperado, os iogurtes com adição de açúcar apresentaram as maiores médias, representando 63,4% (n = 653) dos iogurtes analisados. Normalmente, o açúcar de adição utilizado em iogurtes é o açúcar comum, a sacarose, que é um tipo de carboidrato, consequentemente, há aumento da quantidade de carboidrato total no alimento.
Entre as diferentes categorias de iogurte, ou seja, iogurte parcialmente desnatado, desnatado, integral e grego, a análise mostrou que o iogurte grego brasileiro teve maior variação no teor de carboidratos e maior média de carboidratos (13,7g). Existe uma diferença estatisticamente significativa entre o teor de carboidratos do iogurte grego e o iogurte desnatado, na qual o iogurte grego apresentou mais que o dobro da média de carboidratos do iogurte desnatado (6,60g).
Diferentemente do iogurte desnatado, o iogurte integral não apresentou diferença estatística significativa com o iogurte grego, mesmo tendo 9% a menos de carboidrato em 100g do que o grego. Entre o iogurte desnatado (6,60g) e o parcialmente desnatado (12,6g) é possível observar uma diferença estatisticamente significativa na média do teor de carboidratos.
Esses resultados indicam que os consumidores que buscam saudabilidade devem se atentar sobre a informação de açúcar adicionado no rótulo. Visto que os rótulos ainda não informam o teor de açúcar, os consumidores estão mais seguros se optarem pelo iogurte desnatado e integral sem adição de açúcar.
O iogurte grego tem uma alta popularidade devido à associação da sua imagem com um produto nutritivo, porém, os produtos comercializados no país variam muito em adição de açúcar, apresentando médias de carboidratos em 100g, maiores até do que o iogurte integral.
Fonte: Milk Point