Há anos, as empresas de alimentos e bebidas buscam uma coloração azul natural de alto desempenho, mas as opções se mostraram ilusórias e tendem a apresentar limitações. Poderia uma nova coloração azul de repolho roxo ser a resposta?
As cores azuis não são incomuns na natureza, mas são extremamente difíceis de replicar em alimentos e bebidas. São particularmente procurados em bebidas e produtos voltados para crianças, como cereais matinais e confeitaria.
Em resposta a demanda do mercado por ingredientes de origem natural, um número crescente de fabricantes eliminou gradualmente as cores artificiais na última década e alguns eliminaram inteiramente o azul de seus produtos até que pudessem encontrar uma alternativa adequada.
No entanto, todos os azuis naturais apresentam desvantagens significativas. Mudar para a espirulina de um azul sintético, por exemplo, requer uma dosagem muito maior de corante, o que significa que muitas vezes as empresas precisam reformular completamente os seus produtos. Corantes naturais menos comuns são frequentemente combinados com espirulina para obter o tom certo e para ajudar a manter os custos baixos. Outras limitações incluem problemas de estabilidade relacionados a pH, luz e calor.
Mais recentemente, pesquisadores da University of California, em colaboração com o Mars Advanced Research Institute e a Mars Wrigley Science and Technology, descobriram um composto do repolho roxo que pode fornecer outra alternativa. Os pesquisadores passaram cerca de uma década tentando descobrir como isolar uma antocianina azul do repolho roxo, que está presente apenas em quantidades mínimas.
Os pesquisadores usaram métodos computacionais para encontrar uma enzima capaz de converter outras antocianinas no repolho roxo para a coloração azul, aumentando, assim, o potencial de produção. A equipe também levou em consideração os resíduos, utilizando apenas repolhos visualmente pouco atraentes destinados à ração - e após a extração do corante, o restante do repolho ainda pode ser aproveitado dessa forma.
Agora, a equipe está trabalhando para aumentar a produção para uso comercial e solicitar aprovações de segurança nos Estados Unidos e na Europa.
Os pesquisadores ressaltam que a busca por uma coloração azul natural não afeta apenas os alimentos de coloração azul, mas também a criação de outras cores alimentícias naturais, especialmente roxos e verdes, que precisam de uma base azul vibrante para evitar que se tornem opacos e com aparência turva. Por enquanto, as opções podem ser limitadas, mas a demanda contínua por alimentos e bebidas naturalmente coloridos continua a conduzir abordagens inovadoras para o problema do corante azul da indústria.
Fonte: Fi Global Insights