Mercado CLEAN LABEL projeta crescimento anual de 6,4% até 2034 impulsionado pela busca por naturalidade
A indústria de alimentos e bebidas vive um momento de transformação guiado pela transparência. Segundo estimativa recente do Global Markets Insights, o mercado global de ingredientes clean label — aqueles percebidos como naturais e de fácil compreensão pelo consumidor — atingiu a marca de US$ 53,2 bilhões em 2024. As projeções indicam um cenário promissor para a próxima década, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de cerca de 6,4% entre 2025 e 2034.
Este movimento não é isolado. Dados do Innova Market Insights reforçam a mudança no desenvolvimento de produtos: atualmente, estima-se que um em cada três novos lançamentos globais carregue alguma reivindicação relacionada à naturalidade ou simplicidade dos ingredientes.
O novo perfil do consumidor e o desafio da formulação
A consolidação da tendência clean label reflete um consumidor mais informado e exigente. A busca não é apenas por saudabilidade, mas por confiança e propósito. Rótulos com listas curtas de ingredientes, ausência de aditivos artificiais e processos de produção transparentes tornaram-se determinantes na decisão de compra.
Para a indústria de aditivos e ingredientes, o desafio técnico reside no equilíbrio da "tríade de ouro": saudabilidade, sabor e conveniência. A substituição de componentes sintéticos por soluções provenientes da natureza exige inovação para manter a estabilidade, a textura e o perfil sensorial que o consumidor já aprecia, sem comprometer a validade do produto.
Inovação em botânicos e extratos naturais
Respondendo a essa demanda, grandes players do setor, como a ADM, têm investido na ampliação de portfólios focados em extratos botânicos, vegetais e frutas em pó. Com a aquisição de uma planta fabril em Colombo (PR) em 2020, a empresa reforçou sua capacidade de oferecer ingredientes versáteis para aplicações em bebidas, formulações plant-based, produtos sem lactose e orgânicos.
A chave para o sucesso destes ingredientes está na tecnologia de processamento. Métodos avançados de extração, concentração e secagem permitem a obtenção de insumos com qualidade padronizada — um requisito crítico para a indústria — garantindo que o perfil nutricional seja complementado da maneira mais natural possível.
Outra fronteira importante do clean label é a substituição de corantes artificiais. A demanda por cores vibrantes provenientes de fontes naturais impulsionou o desenvolvimento de soluções baseadas em matérias-primas como beterraba, urucum, cenoura, páprica e extrato de malte.
Através de misturas personalizadas, a indústria hoje consegue trabalhar com praticamente todas as tonalidades do arco-íris, aplicáveis desde pós até emulsões. Além do apelo visual e natural, essas soluções apoiam os fabricantes na adequação a certificações rigorosas, incluindo Orgânico, Kosher e Halal.
Tiago Coroa, Gerente de Desenvolvimento de Produtos e Criação da ADM na América Latina, confirma que o conceito clean label está redefinindo o mercado no continente. Além disso, o futuro do setor no Brasil passa pela valorização de ingredientes tipicamente brasileiros em diferentes aplicações industriais.



























