Brasil mira diversificação além da proteína: CERTIFICAÇÃO de ingredientes torna-se estratégica
Data de publicação: 28/10/2025
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O Brasil precisa diversificar sua pauta de exportação para o mercado Halal, indo além do protagonismo atual na proteína animal. Essa foi a mensagem central de Mohamad Orra Mourad, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), durante a abertura do Global HalalBrazil Business Forum 2025, realizado nesta segunda-feira (27), em São Paulo. A adequação e certificação por parte das empresas vai permitir acessar um mercado consumidor que já movimenta mais de US$ 7 trilhões.
Embora o Brasil seja líder global na exportação de proteína halal (US$ 6 bilhões anuais), Mourad destacou que a pauta total para os 57 países da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI) – que somou US$ 28 bilhões em 2024 (alta de 20%) – ainda é excessivamente concentrada em carnes e commodities agrícolas. "Precisamos conquistar espaço em novos segmentos do mercado halal", afirmou, citando os quase 2 bilhões de consumidores, majoritariamente jovens.
Ingredientes, aditivos, aromas, corantes, emulsificantes e soluçõesdevem possuir a certificação Halal para que o produto final seja considerado apto. O selo assegura que todo o processo produtivo, desde a origem da matéria-prima (excluindo, por exemplo, álcool como solvente em aromas ou gelatinas de origem suína) até o processamento, respeita os preceitos islâmicos.
Mourad ressaltou um ponto importante para o mercado B2B: a certificação Halal transcendeu seu aspecto puramente religioso. "Também é reconhecida como um selo de qualidade e sustentabilidade, alinhado às boas práticas e aos princípios do ESG", destacou. Para fomentar essa nova frente, o Projeto Halal do Brasil, uma iniciativa da CCAB em parceria com a ApexBrasil, está focado em capacitar pequenas e médias empresas a obterem o selo.
Proteína halal
O conceito de "Proteína Halal" é mais abrangente do que apenas o método de abate. Embora o termo seja frequentemente associado à carne (bovina, aves) obtida pelo rito Dhabihah – que prescreve o abate por um muçulmano e a drenagem completa do sangue –, para a indústria de ingredientes, o escopo é total. A certificação garante que o produto, e todos os seus componentes, estão livres de substâncias "Haram" (proibidas). Exemplos disso incluem a ausência de carne suína ou seus derivados (como gelatinas de origem porcina), a proibição de álcool (seja como ingrediente ou como solvente em aromas e corantes) e a garantia de que enzimas ou emulsificantes (como mono e diglicerídeos) não provenham de fontes animais não-Halal.