Quando se fala sobre sustentabilidade, se aborda um dos temas mais relevantes das últimas décadas. Presentes nas pautas em todo o mundo, as questões ambientais, sociais e de governança apresentam enorme importância e impacto para todas as empresas do setor alimentício. No universo corporativo, o tema tão atual e relevante é conhecido por três letras: ESG.
Com origem em 2004, a sigla do termo em inglês Environmental, Social and Governance (ESG) surgiu na publicação do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com o Banco Mundial, intitulada Who Cares Wins. Na época, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, questionou a 50 Chiefs Executives Officers (CEOs) de grandes instituições financeiras sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.
A sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável são estudados há muito tempo em áreas da Economia, do Direito e da Ecologia, por exemplo. O ESG, por sua vez, é utilizado pelo mercado financeiro para medir o "valor" de uma empresa, com base no impacto de questões ambientais, sociais e governança, no desempenho e na lucratividade do negócio.
Nesse sentido, uma empresa tem seu valor mensurado baseado nas diretrizes do ESG e precisa estar alinhada às pautas atuais e às expectativas do consumidor. Seguir os valores do ESG favorece que uma empresa compreenda e consiga potencializar os impactos positivos do seu negócio, além de ter subsídios para minimizar os negativos.
Segundo relatório da PwC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG, o que representa US$ 8,9 trilhões, em relação a 15% no fim do ano passado (2021).
Em um primeiro momento, o ESG pode parecer complicado para empresas que já atuam com práticas sustentáveis, mas o termo não é necessariamente algo novo e revolucionário. Está relacionado às diretrizes em que uma organização precisa focar, com impactos positivos para o meio ambiente, a sociedade e a governança.
Nos últimos anos, o ESG tem tido grande impacto para empresas do setor alimentício. Além dos compromissos com a preservação do planeta e a redução de impactos na produção, a governança ambiental para a indústria do setor é cada vez mais relevante para a saudabilidade. Com a pandemia, essa indústria vem se reinventando e buscando propor novos caminhos para a alimentação, a produção e a distribuição no cenário pós-Covid.
Ter projetos socioambientais e compreender que o planeta é a mais preciosa fonte de matéria-prima é fundamental, bem como acompanhar as mudanças globais de comportamento e as tendências. Ignorar estes pontos é demonstrar desconexão com as demandas atuais e essenciais em todo o mundo.
A governança ambiental está diretamente ligada à nova realidade da indústria de alimentos, bebidas e ingredientes. Oferecer soluções criativas com impacto positivo faz parte do plano de negócios e financeiro.
No Brasil, a legislação da temática ESG cresceu bastante no último ano, com novas diretrizes vindas da Comissão de Valores Mobiliários, do Banco Central e da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Segundo o Decision Report, 68% dos negócios brasileiros em 2022 têm estratégias ESG em funcionamento, o que representa 26% mais empresas em relação ao ano anterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, os índices ESG mostram que as ações desse tipo de empresa tiveram um aumento entre 25,6% e 31,7% em 2021.
O levantamento feito pela Anbima, a pedido do Prática ESG, mostra um aumento de 74% no número de fundos de ações que se enquadram na temática sustentabilidade e de governança corporativa de 2008 a março de 2022. Se antes eram apenas 27, no fim de março já somavam 47 produtos, por exemplo. O patrimônio da classe saltou 96% no período, passando de R$ 1,03 bilhão para R$ 2,01 bilhões em março de 2022. Por isso, cada vez mais as grandes, médias e pequenas empresas buscam adequar suas produções e planos de negócio para as diretrizes do ESG.
Há também o entendimento de que as empresas de capital privado que focam no ESG em suas estratégias de negócios serão os agentes da mudança na nova economia sustentável. Da mesma forma, as empresas que não adotarem os princípios ESG correm o risco de perder valor no mercado.
As mudanças proporcionadas pelo ESG, além de agregar maior valor financeiro à empresa, estimulam toda a cadeia de produção a exercer e incentivar cada vez mais a governança ambiental, pois ganham notoriedade perante o consumidor e o mercado.
Fonte: Food Connection