O queijo é um alimento com inúmeras formas de obtenção e por isso com uma ampla variedade disponível no mercado. É um produto versátil, que atende a abundantes paladares e faixas etárias. Devido a essa flexibilidade, o queijo oferece oportunidades para inúmeras estratégias de marketing, com destaque para a produção de queijos com a inclusão de bactérias probióticas, que vem ganhando espaço na indústria de alimentos. Entre os principais queijos tipicamente brasileiros adicionados de bactérias probióticas, destacam-se os queijos minas frescal e queijo prato.
De fato, estudos mostram que bactérias probióticas se adaptam muito bem em queijos brasileiros, não trazendo prejuízos aos aspectos sensoriais e nos parâmetros tecnológicos do produto. Contudo, para ser considerando um queijo funcional, estudos clínicos devem ser realizados em modelo animal e modelo humano com marcadores pré-determinados. São poucos os estudos clínicos com queijos brasileiros, porém os resultados apresentam-se promissores.
O queijo minas frescal probiótico com cepas de Lactobacillus acidophilus LA 14 e Bifidobacterium longum BL 05, em parâmetros de hipertensão em ratos, tendo observado que a ingestão contínua de 20g durante 15 dias, conseguiu atenuar o desenvolvimento de hipertensão, além de melhorar o perfil lipídico sanguíneo, sendo resultados compatíveis com dados obtidos anteriormente utilizando outras matrizes alimentares.
Esse efeito observado, pode ser associado à ação proteolítica do probiótico em proteínas do leite (caseína e proteínas do soro), gerando peptídeos bioativos que podem diminuir a ocorrência de pressão elevada. O mesmo queijo, em estudo duplo-cego randomizado com mulheres adultas e idosas, hipertensas e com excesso de peso, verificou os efeitos da oferta de queijo minas frescal probiótico, com Lactobacillus casei-01, sobre os índices hematológicos e metabólicos. Tendo como resultados que a oferta de 50g por 28 dias consecutivos foi capaz de melhorar o perfil lipídico das participantes (diminuição do colesterol total, LDL e triglicerídeos e aumento de HDL), sendo atribuído esse efeito à ligação do colesterol a superfície probiótica e incorporação em sua membrana celular, assim como a produção de ácidos graxos de cadeia curta pela microflora intestinal e atenuação da pressão arterial sistólica e diastólica em humanos.
Recentemente, o consumo de queijo Minas Frescal, Lactobacillus lactis NCDO 2118, apresentou impacto positivo em atividade anti- inflamatória e imunomoduladora especificamente em doenças inflamatórias intestinais. Em seu experimento com ratos portadores de Colite ulcerativa, foi possível comprovar esses benefícios também com a oferta de queijos, uma vez que o consumo conseguiu aliviar o aspecto inflamatório da doença, tanto em nível estrutural quanto intracelular.
O queijo prato com Lacticaseibacillus casei-01, desempenhou importante papel na inibição do crescimento de cálculo em modelo experimental de ureterolitíase, uma vez que diminui o peso e o tamanho do cálculo. Sendo justificado pela presença de probióticos no lúmen intestinal aumentar a degradação de oxalato de cálcio pela microbiota, diminuindo a passagem pelos rins e sua precipitação de cristais.
Outro trabalho com queijo prato teve o objetivo de avaliar a capacidade anti-inflamatória de probióticos, investigando as vantagens conferidas do consumo frequente de queijo prato probiótico (Lacticaseibacillus casei-01) para a proteção dos danos gerados pela exposição frequente à fumaça de cigarro em modelo animal (ratos). Tendo como conclusão, que a ingestão deste alimento funcional foi capaz de reduzir o estresse oxidativo nos pulmões, intestino e fígado, assim promover um menor aspecto inflamatório nos pulmões.
Nesse sentido, os queijos probióticos brasileiros podem ser uma opção valiosa para a indústria de lácteos funcionais, pois diversifica o mercado e atende um maior grupo de consumidores. Contudo, estudos adicionais em outros modelos animais tornam-se necessários.
Fonte: Milk Point