A Nestlé anunciou que passará a adotar uma nova metodologia para reportar a saúde nutricional de seu portfólio de produtos. A partir do próximo relatório não financeiro, a companhia divulgará dados mais alinhados com os critérios da Access to Nutrition Initiative (ATNi), uma referência internacional em avaliação nutricional.

Em publicação no LinkedIn, Laurent Freixe, CEO da empresa, afirmou que a mudança incluirá a introdução de uma métrica de “média ponderada por vendas”, que será aplicada tanto a categorias específicas quanto ao portfólio global da companhia. Segundo ele, a iniciativa visa aumentar a transparência e atender às expectativas de investidores e demais partes interessadas.

A mudança na política de divulgação foi bem recebida pelo grupo de lobby ShareAction, que vinha criticando a Nestlé por não seguir plenamente as diretrizes do sistema HSR (Health Star Rating). A ONG apontava, por exemplo, a inclusão inadequada de produtos como café e outros itens que não se enquadram em modelos nutricionais reconhecidos por órgãos reguladores.

Dados recentes revelam desafios e avanços

Segundo comunicado da própria Nestlé, em 2024, 38% das vendas líquidas (excluindo produtos para pets e itens não alimentícios) foram de produtos com classificação HSR igual ou superior a 3,5 — indicador que representa alimentos considerados saudáveis. Quando incluídos os segmentos de cuidados com animais e itens não alimentares, essa proporção caiu para 30%.

Produtos com classificação intermediária (entre 1,5 e 3,5 estrelas) representaram 20% das vendas líquidas (ou 16%, com todos os segmentos incluídos). Já os itens com nota inferior a 1,5 somaram 21% das vendas líquidas (ou 17%, considerando o portfólio completo).

Meta de longo prazo mira produtos mais nutritivos

A Nestlé anunciou ainda que pretende ampliar suas vendas de produtos considerados mais nutritivos em 20 a 25 bilhões de francos suíços (cerca de US$ 24 a 30 bilhões) até 2030. Essa meta está ancorada na decisão tomada em 2023 de comparar seu portfólio com o sistema HSR, abandonando metodologias internas menos padronizadas. Naquele ano, a empresa informou que 37% de suas vendas (sem contar alimentos para animais) correspondiam a produtos com nota HSR de 3,5 ou mais. Com a inclusão de produtos de nutrição especializada, como fórmulas infantis, o índice subiu para 57%.