A cabra foi o primeiro animal domesticado para obtenção de leite para consumo humano, datando de 8.000 anos antes de Cristo. Segundo o IBGE, o Brasil apresenta um rebanho de cerca de 12 milhões de caprinos, distribuídos pelas diferentes regiões do país.
Comparado ao leite de vaca, o leite de cabra apresenta maior digestibilidade e menor alergenicidade. Estes atributos, agregados de suas propriedades nutricionais, o tornam recomendável para alimentação de crianças e combate à desnutrição. O leite de cabra é rico em vitamina A, niacina, tiamina, riboflavina e ácido pantotênico.
A quantidade de proteínas presentes nesse leite é semelhante ao de vaca (cerca de 3,3%), porém, existe uma diferença na composição dos tipos de caseína, com concentração baixa de α-S1-caseína facilitando sua digestão. Além disso, apresenta glóbulos de gordura menores e maior teor de ácidos graxos de cadeia curta e média, aumentando a ação de enzimas digestivas.
Os principais produtos caprinos comercializados são leites (pasteurizado, UHT ou em pó), queijos frescais, Boursin, Moleson, Pecorino, Chevrotin, Chabichou e Feta. Nos últimos anos, os queijos ganharam o mercado nacional, agregando sofisticação aos produtos lácteos, devido às suas características sensoriais únicas.
Recentemente o estado de São Paulo regulamentou o registro de produtos artesanais de origem animal, o que pode representar um incentivo para o mercado de queijos de cabra. No dia 23/02/2022 foi assinado o decreto da Lei 17.453/2021 que simplifica e desburocratiza, aumenta o volume de leite a ser beneficiado de 300 litros/dia para 1.500 litros/dia e criou as classes de produtores: micro, até 20% do limite de produção; mini, de 20% a 50% do limite; e pequeno, acima de 50%. O decreto também possibilita a realização de convênios entre os serviços de inspeção municipal e estadual, o que amplia e facilita a comercialização de produtos artesanais inspecionados.
Visando a segurança alimentar, certificação e agregação de valor ao produto, o Laboratório de Biotecnologia do Instituto de Zootecnia (IZ/Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolveu metodologia fundamentada em técnicas de biologia molecular que permite atestar a pureza de leite e derivados lácteos de caprinos, um importante benefício para o produtor e consumidor.
O leite de cabra pode representar um alimento importante na segurança alimentar em nosso país, diminuindo índices de desnutrição e mortalidade infantil. Em paralelo, pode auxiliar na diversificação do mercado de queijos, agregando valor, história, cultura e tradição.
Fonte: Milk Point