Pompeia(1) é um vasto sítio arqueológico localizado na região da Campânia, no Sul da Itália. Uma cidade romana próspera e sofisticada, que foi soterrada por metros de cinzas e pedra-pomes após a catastrófica erupção do Monte Vesúvio, em 79 d.C. Perto da costa do Golfo de Nápoles, o local bem preservado tem ruínas escavadas que podem ser livremente exploradas pelos visitantes. Foi lá que arqueólogos descobriram restos de comida de um restaurante fast-food de 2.000 anos. Essa descoberta excepcional testemunha uma cidade rica e vibrante com muitas atividades.
Os arqueólogos estão descobrindo aos poucos vestígios da cidade onde a vida infelizmente parou de repente. Antes do desastre, Pompeia era uma cidade muito ativa, com uma forte economia agrícola que fervilhava de vida. Os arqueólogos descobriram um termopólio em excelentes condições, testemunho do bom apetite dos habitantes de Pompeia. Um termopólio (em latim: thermopolium) era, na Roma Antiga, um local utilizado para a compra de alimentos já preparados e prontos para o consumo. Consistia de uma pequena sala, com uma mesa ou balcão na sua frente, e de prateleiras de alvenaria, onde a comida ainda quente era armazenada em grandes jarras de cerâmica, chamados dólios. Tudo indica que funcionava de maneira similar às atuais cadeias de fast food. Alguns dos termopólios, cujos restos sobreviveram até nossos dias, podem ser encontrados na cidade italiana de Herculano (cerca de 15 km ao Norte de Pompeia), e agora, em Pompeia.
Os arqueólogos descobriram esse termopólio, localizado no cruzamento das ruas Vicolo delle Nozze d´Argento e Vicolo dei Balconi, pela primeira vez em 2019. No entanto, eles acabaram de exumar toda a estrutura. Essa descoberta é excepcional, visto que o fast food está em excelentes condições. Os afrescos que decoram a parede de seu balcão estão perfeitamente preservados. Até se sabe da comida servida aos clientes famintos desse termopólio; oferecia um cardápio variado à base de pato, porco, cabra e peixes.
Além das muitas ânforas e potes usados para armazenar alimentos e bebidas, foram encontrados restos de pato, porco, cabra, peixe e caramujo terrestre. Restos de feijão também foram armazenados, por 2.000 anos, no fundo de um dólio. O dólio dos romanos (em latim, dolium) correspondente ao πίϑος dos gregos, e era um grande vaso, geralmente de terracota, destinado a conter líquidos (vinho, azeite, etc.) ou mesmo secos (trigo, leguminosas) para ser guardado em armazéns. A forma do πίϑος é principalmente a de um cone truncado invertido, com uma boca grande; a do dólio, por outro lado, é globular, com uma base bastante ampla. As dimensões eram tais, que um homem poderia muito bem entrar nele, um vaso gigantesco com capacidade para 1.200 litros.
O fast food de Pompeia trabalhava com um cardápio bem variado, principalmente composto por ingredientes de origem animal. Ademais, a historiadora e arqueóloga, Dra. Virginia L. Campbell, da The Open University, Inglaterra, uma das maiores autoridades mundiais sobre os aspectos da vida em Pompeia, explica que "os restos de gêneros alimentícios, inclusive os ossos de animais, correspondem a algumas das pinturas do balcão". Na verdade, o afresco do frango e os dois patos invertidos representavam, com certeza, parte do cardápio do thermopolium.
O termopólio era bem guardado! O afresco do cachorro preto amarrado com uma coleira, certamente servia para alertar os ladrões de que o lugar estava bem guardado.
Na verdade, os ossos de um cachorro foram exumados nas proximidades. Segundo o Parco Archeologico di Pompei, tratava-se de um cão adulto pequeno (25,4 centímetros no ombro). Portanto, isso sugere que os habitantes de Pompeia já estavam selecionando raças pequenas para ter como animais de estimação. Esse cachorro certamente não era o mastim representado pelo afresco que supostamente assustava os ladrões.
Finalmente, ossos humanos também foram exumados no local do termopólio. Um homem na casa dos 50 anos estava deitado em um sofá dentro de uma sala do estabelecimento, no momento da erupção, em 79 DC. Outros ossos humanos foram descobertos no interior de um dólio. Os especialistas acreditam que esse seja o trabalho de saqueadores do século 17.
(1)Há alguns anos, a cidade de Pompeia foi reconstruída em 3D. Antes disso, um profissional da LEGO (brinquedos) completou com sucesso o desafio de reconstruir a cidade em pequenos tijolos coloridos.
Michel A. Wankenne
Editor-in-Chief