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Envelhecimento saudável - Quais ingredientes podem ajudar?

Envelhecer com saúde não significa apenas ter uma vida longa, mas também ter uma vida com qualidade. E para isso, vários ingredientes alimentícios desempenham papel fundamental. Entre os mais utilizados estão os antioxidantes, que podem contribuir para reverter ou retardar o envelhecimento celular, principalmente nos processos envolvendo os radicais livres. Outro ingrediente relacionado ao envelhecimento saudável é a coenzima Q10, também conhecida como ubiquinona, uma substância natural produzida pelo organismo, mas que decresce à medida que a idade avança. Os probióticos e prebióticos também são listados como ingredientes relacionados ao envelhecimento saudável no que se refere ao microbioma intestinal, ajudando a prevenir ou reverter as alterações provenientes do envelhecimento. O colágeno também entra nessa lista, devido as suas inúmeras aplicações e aos seus benefícios relacionados ao envelhecimento.

Os antioxidantes são nutrientes que previnem os danos causados pelos radicais livres às células e tecidos do organismo. Os hábitos de vida saudáveis e o consumo de antioxidantes e suplementos nutricionais podem assumir um papel importante na genoproteção, auxiliando a reparar os danos no DNA celular e contribuindo para retardar o envelhecimento humano e o aparecimento de determinadas patologias degenerativas.

Um dos antioxidantes mais conhecidos é o resveratrol, um polifenol com diversos efeitos biológicos, encontrado em elevadas quantidades na planta Polygonum cuspidatum, nas uvas e no vinho tinto.

Segundo estudos, o resveratrol atua não somente contra o envelhecimento cutâneo, mas também contra o envelhecimento biológico de vários órgãos e sistemas, nomeadamente do sistema cardiovascular, esquelético e neurológico. É, ainda, uma molécula com propriedades anticancerígenas, antiangiogênicas, antibacterianas, antifúngicas e antivirais.

O resveratrol é responsável pela desregulação de fatores de transcrição importantes envolvidos no foto envelhecimento e pela supressão da expressão das metaloproteinase da matriz nos fibroblastos da derme, favorecendo a preservação do colágeno da derme, aumentando o tempo de vida das células epidérmicas, estimulando os fibroblastos da pele na produção de colágeno e elastina e reforçando a elasticidade da pele. Também é capaz de atenuar o foto envelhecimento, atuando sobre os mecanismos de sinalização celular relacionados com o foto envelhecimento mediado pela radiação UV.

Com relação ao envelhecimento biológico, o resveratrol exerce uma diversidade de benefícios para a saúde através da ativação de múltiplas vias intracelulares, sendo que muitas das quais são as mesmas que as ativadas pela restrição calórica, muito conhecida por reforçar a saúde e aumentar a expectativa de vida.

Suas propriedades antioxidantes previnem a oxidação das LDL (Low Density Lipoproteins - Lipoproteínas de baixa densidade) e diminuem a expressão de marcadores de estresse oxidativo. Possui, ainda, a capacidade de limitar a acumulação de colesterol pelos macrófagos, reprimir a ativação de genes relacionados com a captação de colesterol, diminuir a pressão arterial, reduzir os níveis de endotelina (proteína com propriedades vasoconstritoras), atenuar a adesão dos monócitos às células endoteliais e reduzir os danos no miocárdio provocados por episódios de isquemia. Nas patologias neurodegenerativas, exibe características neuroprotetoras através das suas propriedades antimielogênicas, ou seja, inflamatórias e oxidantes.

O resveratrol é responsável, ainda, por diminuir toda a resposta neuro inflamatória associada à doença de Alzheimer, melhorando os prejuízos de memória e aprendizagem.

Com relação aos efeitos protetores da desmineralização óssea, o resveratrol é uma molécula com capacidade de provocar o relaxamento dos vasos sanguíneos através do aumento da produção de óxido nítrico, permitindo o aumento de aporte sanguíneo ao osso. Desse modo, contribui para a melhora da atividade osteoblástica e diminuição da osteoclástica. Além disso, aumenta o grau de relaxamento muscular dependente da endotelina, prevenindo o enfraquecimento ósseo.

Já as funções da coenzima Q10 são principalmente a nível mitocondrial. Quando os alimentos e o oxigênio são transformamos em energia (ATP), a parte final dessa transformação depende da presença da coenzima Q10 para que as células sejam capazes de produzir energia de forma eficaz. É também na mitocôndria, quando a produção energética é realizada, que ocorre uma elevada produção de radicais livres de oxigênio e onde a presença de níveis adequados de coenzima Q10 são necessário para diminuir a produção de radicais livres de oxigênio. Além disso, a coenzima Q10 desempenha papel antioxidante na regeneração de outros antioxidantes, como a vitamina C e a vitamina E.

A coenzima Q10 é apontada pelos cientistas como um poderoso antioxidante, indicado para melhorar o funcionamento cardíaco. Também desempenha papel antioxidante inespecífico na célula e pode diminuir o dano potencial de radicais livres resultantes da peroxidação de ácidos graxos insaturados na célula.

Sua propriedade antienvelhecimento se deve a sua capacidade de melhorar o estado de energia das células e aumentar a eficiência da utilização do oxigênio. O conteúdo de coenzima Q10 diminui com o avanço da idade, especialmente nos tecidos cardíaco e hepático. Protegendo as células contra a peroxidação, a coenzima Q10 aumenta a tolerância de idosos e sedentários ao exercício físico e pode corrigir falhas do sistema imunológico.

Os probióticos e prebióticos também são listados como ingredientes relacionados ao envelhecimento saudável no que se refere ao microbioma intestinal, ajudando a prevenir ou reverter as alterações provenientes do envelhecimento.

O envelhecimento está associado a transformações na função imunitária e a motilidade intestinal, podendo ocorrer alterações no tipo e número de bactérias no intestino. É nessa área que os ingredientes probióticos e prebióticos atuam para o envelhecimento saudável.

Alguns probióticos, como os Lactobacilos e as Bifidobactérias, bem como algumas fontes de prebióticos, como a inulina e os frutooligossacarídeos, podem ajudar a prevenir ou reverter as mudanças relacionadas com a idade na microbiota intestinal.

Nos idosos, os prebióticos e probióticos podem alterar a composição da microbiota intestinal; prevenir e/ou tratar a diarreia associada a antibióticos; aliviar a constipação; e estimular o sistema imune de forma positiva, diminuindo o risco de infecção.

O grande uso das bactérias do gênero Lactobacilos em alimentos, decorre dos resultados de seu comportamento nos mesmos, como capacidade de fermentar açúcares, formando ácido láctico abundantemente; capacidade termodúrica, tornando-a resistente a tratamentos térmicos mais baixos; alta elaboração de ácido láctico, eliminando de seus substratos microrganismos competitivos; capacidade de formar substância voláteis, alterando valores sensoriais de determinados alimentos; e incapacidade de sintetizar a maioria das vitaminas exigidas, impedindo o seu crescimento em meios carentes desses nutrientes reguladores.

A principal característica do envelhecimento da pele é a fragmentação da matriz de colágeno na derme por ação de enzimas específicas. Essa fragmentação na estrutura da derme diminui a produção de mais colágeno. Os fibroblastos que produzem e organizam a matriz de colágeno não podem inserir o colágeno fragmentado. A perda da inserção de colágeno, ou seja, a menor produção de colágeno, impede que os fibroblastos recebam informações mecânicas, ocorrendo o desequilíbrio entre a produção de colágeno e a ação de enzimas que degradam o colágeno. Na pele envelhecida, há uma menor produção de colágeno pelos fibroblastos e uma maior ação das enzimas que o degradam e esse desequilíbrio avança o processo de envelhecimento. Tratamentos que promovem o equilíbrio entre a produção de colágeno e a ação das enzimas que o degradam, retardam o processo de envelhecimento e, consequentemente, melhoram a aparência e a saúde da pele.

O colágeno também está relacionado com a regeneração e recuperação de lesões. A oferta adequada de colágeno pode, não somente prevenir, como regenerar tecidos e aumentar a densidade óssea, combatendo doenças como osteoporose, bursite, tendinite e distensão muscular. Além disso, o uso de colágeno hidrolisado no tratamento de lesões e fraturas pode melhorar a resposta imunológica do organismo, acelerando a regeneração e recuperando tecidos.

O colágeno também é fonte de fibras e proteína animal. O predomínio de aminoácidos, como glicina, prolina, lisina, hidroxiprolina, hidroxilisina e alanina, e a ausência da maioria dos aminoácidos essenciais, como o triptofano, faz com que o colágeno seja considerado uma fonte proteica pobre para a dieta humana. Por outro lado, o colágeno é um exemplo claro do relacionamento da estrutura proteica e a função biológica, pois fornece resistência e elasticidade nas estruturas anatômicas na qual está presente. Assim, a falta de aminoácidos essenciais do colágeno não o torna inutilizável, pois suas frações apresentam um importante papel na dieta humana por serem consideradas fontes de fibras nutritivas e por constituírem uma fonte de proteína animal.

Disponibilizar produtos funcionais em diferentes linhas e para diferentes faixas etárias que proporcionem benefícios de saúde específicos é uma das grandes tendências do mercado. E, sem dúvida, o envelhecimento saudável é uma plataforma de crescimento rápido em que os fabricantes de alimentos podem posicionar os seus novos produtos.

Márcia Fani

Editora




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