Tendências de consumo e novos claims de ingredientes em 2026: o que o mercado busca?

O setor de alimentos e bebidas entra em 2026 em um estágio de maturidade no qual a inovação em ingredientes e aditivos funcionais precisa ir além de benefícios genéricos. A busca por ciência comprovada, diferenciação regulatória e impacto positivo no consumidor e no planeta direciona a indústria para uma nova fase. Os chamados claims — alegações de benefícios — passam a ser avaliados não apenas pela atratividade, mas pela solidez das evidências científicas, clareza regulatória e conexão com os valores culturais de cada mercado.
Saudabilidade expandida: além da imunidade
A saúde preventiva segue como prioridade, mas em 2026 ela é ampliada para um conceito de longevidade ativa. Dados da Euromonitor (2025) apontam que 51% dos consumidores globais estão interessados em produtos que ajudem a envelhecer de forma saudável, enquanto 46% buscam soluções específicas para energia e vitalidade no dia a dia.
Por isso, ingredientes ligados ao suporte metabólico — como peptídeos bioativos do colágeno, pós-bióticos estáveis e compostos bioativos de plantas fermentadas — ganham mais espaço em categorias como bebidas funcionais e suplementos híbridos (snacks com posicionamento de suplemento). Os nootrópicos continuam em crescimento, mas com foco em blends personalizados que unem desempenho mental, controle do estresse e equilíbrio do sono.
Novas fronteiras do clean label
O conceito de clean label em 2026 vai além da simplicidade da lista de ingredientes: a ênfase está em funcionalidade transparente. Ou seja, o consumidor não apenas reconhece o ingrediente, mas também entende sua função tecnológica e benefício. Segundo a Mintel (Food & Drink Trends 2026), 62% dos consumidores dizem querer clareza sobre o “porquê” de cada componente do rótulo.
Nesse contexto, aditivos naturais com performance tecnológica elevada são destaque: proteínas vegetais usadas como emulsificantes, fibras cítricas como substitutos de estabilizantes artificiais e antioxidantes naturais de algas que garantem shelf-life prolongado.
Sustentabilidade integrada ao produto
Em 2026, sustentabilidade já não é um apelo isolado, mas parte central da proposta de valor. Ingredientes de origem regenerativa e soluções de upcycling chegam a categorias mainstream. A Innova Market Insights destaca que 40% dos lançamentos globais em 2025 já incorporavam algum ingrediente upcycled — tendência que se intensifica em 2026, principalmente em snacks, confeitaria e bebidas.
Novos claims emergem: “ingrediente de origem regenerativa”, “cultivado com baixo uso de água”, “proteína circular” (oriunda de fluxos de resíduos) e “carbono neutro certificado”. A digitalização da rastreabilidade, via QR codes dinâmicos e aplicativos, fortalece a confiança do consumidor.
Personalização com base em ciência de dados
A personalização da nutrição alcança um novo patamar em 2026 com a integração de IA generativa e análises em tempo real de microbioma, sono e atividade física. Plataformas oferecem recomendações instantâneas de alimentos ou bebidas funcionais adaptados ao perfil individual.
Isso abre espaço para claims ultrasegmentados: “reduz a fadiga muscular em exercícios de alta intensidade”, “suporte cognitivo para profissionais em ambientes digitais” ou “saúde digestiva adaptada ao seu microbioma”. Ingredientes como enzimas customizadas, prebióticos direcionados e blends de aminoácidos específicos tornam-se protagonistas.
Regulamentação e credibilidade científica
O avanço dos claims funcionais em 2026 traz também maior rigor regulatório. Órgãos como a EFSA e a FDA exigem evidências clínicas mais robustas para aprovar alegações relacionadas à saúde mental, imunidade e metabolismo. O investimento em estudos clínicos, ensaios multicêntricos e dados de longo prazo passa a ser diferencial competitivo.
Além disso, cresce a pressão para harmonização de critérios globais, de forma a evitar greenwashing e healthwashing. O consumidor, cada vez mais informado, valoriza não apenas o claim em si, mas a fonte científica e a rastreabilidade do dado.
O que muda de um ano para o outro?
Tendência | 2025 | 2026 |
Saudabilidade e claims funcionais | Foco em imunidade, saúde mental e bem-estar digestivo. Ingredientes como adaptógenos, nootrópicos e prebióticos de nova geração ganham espaço. | Expansão para longevidade ativa e vitalidade. Blends personalizados de nootrópicos, peptídeos bioativos e pós-bióticos estáveis ganham protagonismo. |
Clean label | Ênfase em listas curtas e reconhecíveis. Aditivos naturais substituem sintéticos, mas com desafios de estabilidade. | Evolui para funcionalidade transparente: além da simplicidade, consumidor quer entender o “porquê” de cada ingrediente no produto. |
Sustentabilidade | Impacto ambiental como fator decisivo. Claims de “baixo carbono”, “upcycled ingredients” e rastreabilidade digital começam a se consolidar. | Sustentabilidade integrada ao produto: destaque para ingredientes regenerativos, proteínas circulares e certificações de carbono neutro. |
Personalização | Crescimento de plataformas baseadas em IA e microbioma. Claims segmentados para idosos, atletas e profissionais. | Integração de IA generativa e dados em tempo real. Claims ultrasegmentados: suporte cognitivo em ambientes digitais, saúde digestiva personalizada, energia adaptada ao perfil individual. |
Regulação e credibilidade | Maior atenção a evidências científicas, mas ainda espaço para alegações amplas. | Rigor regulatório ampliado: exigência de ensaios clínicos robustos, harmonização global e combate ao greenwashing e healthwashing. |




























