Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse na busca por ingredientes alimentícios mais saudáveis, sustentáveis e inovadores. Nesse contexto, as microalgas emergiram como um candidato promissor para atender a essas demandas, encontrando seu caminho para uma variedade de produtos alimentícios e bebidas.

As microalgas são uma categoria diversa de organismos microscópicos fotossintéticos, que oferecem uma gama de benefícios nutricionais e funcionais, além de se destacarem como uma opção ecologicamente consciente.

Uma das principais razões pelas quais estão ganhando destaque na indústria alimentícia é a riqueza de nutrientes que oferecem. Esses microrganismos são fontes naturais de proteínas, vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais, o que as torna uma adição valiosa para enriquecer alimentos e bebidas com componentes essenciais para uma dieta equilibrada.

No que diz respeito à funcionalidade, as microalgas apresentam propriedades interessantes que podem melhorar a textura, viscosidade e estabilidade de alimentos e bebidas. Substâncias produzidas pelas microalgas, como os polissacarídeos, têm sido usadas como agentes espessantes e estabilizantes, reduzindo, assim, a necessidade de aditivos sintéticos.

Alta biomassa, fácil produção, altos níveis de proteínas e outros compostos bioativos, além de propriedades como capacidade de emulsificação, formação de espuma, gelificação, absorção de água e gordura, são fatores que fazem das microalgas uma fonte de alimento eficaz, motivo pelo qual a indústria alimentícia vem explorando amplamente a sua utilização como fonte promissora para novos alimentos.

Diversas variedades de microalgas estão sendo incorporadas como ingredientes em alimentos e bebidas, impulsionando a inovação na indústria alimentícia. A spirulina é uma das mais notáveis nesse contexto, sendo utilizada devido à sua cor azul-esverdeada intensa e seu rico teor de proteínas, vitaminas e minerais. É frequentemente encontrada em produtos como barras energéticas, smoothies e suplementos nutricionais.

Outra microalga amplamente adotada é a Chlorella, valorizada por sua cor verde vibrante e conteúdo de nutrientes. É frequentemente transformada em pó e incorporada em produtos alimentícios, como biscoitos, snacks e bebidas verdes. Seu alto teor de clorofila e proteínas a torna uma escolha popular entre os consumidores preocupados com a nutrição.

A Dunaliella é conhecida por sua habilidade de produzir altos níveis de carotenoides, pigmentos naturais com propriedades antioxidantes. Essa microalga é frequentemente utilizada como um ingrediente natural de coloração em produtos alimentícios, como massas, molhos e, até mesmo, sorvetes.

A Haematococcus pluvialis é apreciada por sua alta concentração de astaxantina, um carotenoide conhecido por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. A astaxantina é frequentemente usada para colorir produtos de origem animal, como salmão, sendo também encontrada em suplementos alimentares.

Além dessas, a Nannochloropsis é explorada pela sua riqueza de ácidos graxos ômega 3 e proteínas, sendo incorporada em produtos como barras de proteína e suplementos.

As inovações na indústria de alimentos, como a aplicação de novas abordagens científicas e técnicas na transformação de alimentos, permitiram a introdução de novos alimentos, onde as microalgas desempenham papel destacado, como macarrão, biscoitos, barra de cereais e outros produtos funcionais, que já utilizam a biomassa de microalgas.

Contudo, é importante destacar que a viabilidade das microalgas em produtos alimentícios é condicionada a fatores como a matriz alimentar, o tipo de processamento e interações com outras substâncias alimentares. Além disso, o sabor característico das microalgas pode ser um obstáculo para a aceitação dos consumidores.

As microalgas demonstram potencial para suprir a necessidade da população por uma oferta alimentar mais sustentável, especificamente no que diz respeito à demanda proteica, pois apresentam diversas vantagens sobre outras matérias-primas atualmente utilizadas do ponto de vista ambiental. Além disso, uma das principais características das microalgas é a produção de compostos bioativos com potenciais benefícios para a saúde humana, tornando a possibilidade de utilização de compostos derivados de microalgas para produtos alimentícios funcionais inovadores de grande interesse.

Os produtos lácteos também podem ser incorporados com microalgas para fornecer compostos bioativos. Da mesma forma, biscoitos e bolachas também são categorias relevantes para fornecer ingredientes à base de microalgas, pois usufruem de boa aceitação de sabor, versatilidade, consumo conveniente devido à facilidade de conservação e transporte, textura e aparência.

As principais apresentações dos produtos provenientes das microalgas são comercializadas em comprimidos, cápsulas ou em pó e são produzidos principalmente a partir da biomassa dos gêneros Chlorella e Spirulina. A prospecção é crescente e vem se diversificando com a inserção de novas espécies em potencial na utilização para o consumo humano.