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A Intelligent Foods promete conservar alimentos por até quatro anos fora da geladeira

Todos os dias, um terço dos alimentos que produzimos é jogado no lixo. Anualmente, o desperdício chega a 1,3 bilhão de toneladas de comida. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), as perdas correspondem a 680 bilhões de dólares em países desenvolvidos e a 310 bilhões nos países em desenvolvimento. Mas e se fosse possível transformar toda essa comida descartada em oportunidade, sem precisar se preocupar com o prazo de validade?

Essa é a missão da Intelligent Foods, startup participante da categoria especial de redução de desperdício e perda de alimentos do Braskem Labs Scale 2018, o programa de aceleração de iniciativas com impacto socioambiental da Braskem. Os empreendedores desenvolveram um método que consegue matar as bactérias presentes na comida por meio de diferentes etapas de temperatura e pressão, possibilitando que os alimentos sejam preservados por até quatro anos sem refrigeração nem conservantes.

A ideia começou a surgir 20 anos atrás, quando o químico argentino Juan Carlos Berisso e seu filho Gabriel perceberam problemas no transporte de peixes congelados. A família tinha fábricas de pescados na Argentina e na Espanha e queria levar seus produtos até Israel. Graças a um selo colado na parede dos contêineres que mudava de cor se a temperatura subisse, eles descobriram que os transportadores desligavam a refrigeração durante o trajeto, para economizar energia. Ou seja, os produtos que saíam em perfeito estado chegavam comprometidos ao destino final.

Mas a família Berisso tinha inovação no DNA. Entre algumas das invenções, pai e filho criaram uma máquina que removia as espinhas dos peixes, e assim introduziram o hambúrguer de pescado na Espanha. Eles também desenvolveram uma caixa de transporte forrada por fraldas, que impedia que o peixe ficasse em contato com água durante o deslocamento. Agora, o dilema era como conservar os alimentos sem ficar refém do congelamento.

A família acabou vendendo as fábricas e se mudando para o Brasil, onde abriram um laboratório para se debruçar sobre a questão. Eles sabiam que com altas temperaturas e pressão conseguiriam matar as bactérias que estragavam os alimentos, mas como fazer isso sem danificar as qualidades físicas da comida, como aroma, gosto e cheiro?

Gabriel, hoje com 53 anos, chegou à resposta após 15 anos dedicados ao tema. Em linhas gerais, os alimentos são embalados a vácuo e colocados em uma autoclave, que alterna diferentes etapas de temperatura e pressão para matar as bactérias, sem danificá-los. Os ciclos são diferentes para cada tipo de alimento, mas o empreendedor já consegue aplicá-los a mais de 150 produtos — de polpas de frutas a estrogonofes e lasanhas.

Uma vez concluído o processo, os alimentos podem ser conservados por até quatro anos fora da geladeira. “O que estraga a comida são as bactérias, e o que os congeladores fazem é simplesmente desacelerar a ação delas. Mas se não há bactérias, não há nenhuma necessidade de refrigeração”, diz Gabriel.

Mesmo com a tecnologia e o conhecimento nas mãos, ele demorou a conseguir tirar a ideia do papel. Ao longo dos anos, tentou abrir uma empresa que produziria e comercializaria os alimentos processados; sem fôlego financeiro para dar segurança aos potenciais clientes, a iniciativa não vingou.

Foi então que, no fim de 2017, o administrador Wagner Murgel, 49, juntou-se à empresa. Com o fracasso da experiência anterior, eles sacaram que o caminho não era produzir os alimentos, mas sim atuar como uma consultoria, fornecendo à indústria alimentícia o know-how para conservar os alimentos com as mesmas características do produto original.

A partir dali, Wagner assumiu a parte financeira e administrativa, deixando Gabriel livre para se dedicar exclusivamente a pesquisa e desenvolvimento. A empresa ganhou o nome Intelligent Foods; uma unidade começou a ser construída em Itupeva (SP) e deve ser finalizada nas próximas semanas.

Com a startup dando os primeiros passos, a dupla começou a procurar investidores, mas os contatados logo diziam que ainda era muito cedo para investir.

“Quando apresentamos nosso trabalho, todos ficam curiosos e depois desconfiados. Ficou claro que poderíamos falar o quanto quiséssemos, mas não sairíamos do lugar enquanto não demonstrássemos a qualidade de nosso serviço”, diz Wagner.

O maior desafio para o crescimento da empresa é justamente provar que sim, é possível conservar por anos um alimento em perfeito estado fora da geladeira.

“Assim como no começo ninguém queria comer comida congelada, as pessoas também desconfiam de alimentos prontos que nunca tenham entrado em uma geladeira”, afirma Gabriel. “Nós precisamos ajudá-las a entender para que serve a refrigeração, para que então elas compreendam por que o processo de congelamento se torna desnecessário se não há bactérias ali.”

Antes de buscar investimento, eles perceberam que precisavam intensificar o networking para “se colocar no mapa”. E quando souberam que o Braskem Labs Scale 2018 tinha uma categoria especial de diminuição da perda e desperdício de alimentos, viram ali a oportunidade perfeita.

“Entramos no programa em busca de divulgação, networking e capital. Mas logo vimos que, mais do que capital, precisávamos de smart money, de pessoas que venham mais que com dinheiro, com ideias e visão de novos negócios”, diz Wagner.

O programa também ajudou a captar a atenção da imprensa, com ganhos de visibilidade. E os telefones começaram a tocar.

“Grandes empresas entraram em contato para saber mais sobre o nosso trabalho. Firmar parcerias é um processo lento, mas o importante é que o programa fez as pessoas ouvirem falar de nós e abriu portas para que discutíssemos todos juntos, de maneira produtiva”.

Os planos para o futuro são provar a investidores e clientes que o método funciona e conseguir parceiros para lutar efetivamente contra o desperdício de alimentos. A Intelligent Foods quer disponibilizar gratuitamente a tecnologia de conservação para parceiros dispostos a coletar sobras de alimentos de restaurantes para ajudar a alimentar quem tem fome.

“Precisamos de parceiros para tirar esse projeto do papel, mas existe muita comida desperdiçada e podemos fazer com que esses alimentos se mantenham seguros”, diz Wagner. “Sem o empecilho do tempo, pode-se distribuí-los de maneira planejada, levando-os para as pessoas que precisam, onde quer que elas estejam.”




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